Sobre o Curso
Ensinamos a psicanálise produzida nas últimas 4 décadas aproximadamente. Reconhecemos todo o valor da psicanálise do período anterior, de Freud até Lacan, falecido em 1981, e, em parte, faz também parte do nosso ensino, mas a psicanálise não podia ficar estacionada. Assim como ela sempre veio se desenvolvendo e se transformando, ela continuou nas últimas 4 décadas. Ela teve desafios novos, responder ao avanço da Terapia Cognitiva Comportamental, assimilar as descobertas da neurociência, se alinhar com a crescente compreensão de transtornos relacionados a traumas. Os tempos modernos exigiram mais dela: uma maior necessidade de provas. Desta exigência, resultou que na psicanálise atual deixou de existir orientações divergentes, e regionalistas, como acontecia no passado, tais que freudiana, kleiniana, reichiana, winnicottiana, lacaniana e outras mais, bem como inglesa, francesa, americana. Ela é hoje praticamente uma só e sem fronteiras. Uma parte da psicanalise contemporânea vem da teoria do apego de Bowlby e de seus continuadores: os padrões de apego de Mary Ainsworth e a teoria da mentalização de Peter Fonagy. Esta parte explica principalmente os transtornos depressivos, ansiosos, e as personalidades consequentes a maus-tratos e negligência na infância. Uma outra parte voltou-se para inúmeros outros transtornos, pesquisados um a um, por exemplo, personalidades histriônica, esquizotípica, abuso sexual, anorexia nervosa, etc., sem se basear como acontecia antigamente, em teorias abstratas que pretendiam, cada uma, abarcar todos os fenômenos psicológicos relacionados ao afeto. Uma disciplina do nosso curso é a psicossomática, que não existia na psicanálise antiga, que considera que todas as moléstias físicas podem ter um componente psicológico em seu desencadeamento e evolução, com o que a medicina atual está em pleno acordo. A prática psicoterapêutica também se transformou: deixou de seguir um modelo único e passou a se adaptar às especificidades de cada transtorno.