REVISTA BIOETHIKOS
JANEIRO / MARÇO DE 2013
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Editorial:
Necessidade de um sistema de comissões de Bioética na Atenção à Saúde
No campo da ética na saúde, o Brasil conta hoje com dois sistemas bem estruturados e atuantes: sistema da ética profissional e o sistema da ética na pesquisa em seres humanos.
O sistema da ética profissional (das profissões da saúde) se baseia em disposições legais e se inicia com a criação dos Conselhos Federais (a eles vinculados os conselhos regionais, e no caso da Medicina e da Enfermagem, as Comissões de Ética Médica e as Comissões de Ética de Enfermagem).
No caso da Medicina, o Conselho Federal e os Conselhos Regionais foram instituídos em 1945, pelo Decreto Lei n. 7255, e passaram a constituir em seu conjunto uma autarquia (com personalidade jurídica de direito público), com autonomia administrativa e financeira, em 1957, com a Lei Federal n. 3268/57. Foi o primeiro a ser criado. A seguir, em ordem cronológica, foram criados, na área da saúde, os seguintes Conselhos Federais: Farmácia – 1960 (Lei n. 3820); Odontologia – 1964 (Lei n. 4324); Medicina Veterinária – 1968 (Lei n. 5517); Psicologia – 1971 (Lei n. 5766); Enfermagem – 1973 (Lei n. 5905); Fisioterapia e Terapia Ocupacional – 1975 (Lei n. 6316); Nutrição – 1978 (Lei n. 6583); Biologia – 1979 (Lei n. 6684); Fonoaudiologia – 1981 (Lei n. 6965); Biomedicina – 1982 (Lei n. 7017); Educação Física – 1998 (Lei n. 9696).
São esses órgãos que, por meio dos Códigos de Ética e de resoluções, regulam, companham, fiscalizam e supervisionam a ética nas atividades profissionais específicas; são órgãos julgadores e disciplinadores. O sistema de ética profissional está solidamente constituído e plenamente atuante.
O sistema de ética na pesquisa foi instituído mais recentemente, sendo a primeira iniciativa datada de 1988 (Resolução n. 01/1988 do Conselho Nacional de Saúde); na prática, porém, o sistema foi criado a partir de 1996, com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde, de 10 de outubro de 1996 (Resolução n. 196/96).
Esse sistema é constituído pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e pelos comitês de Ética em Pesquisas Institucionais, dotados de “múnus público”. O sistema de ética em pesquisa está vinculado ao Conselho Nacional de Saúde, órgão que, por lei, é de controle social (as disposições contidas nas resoluções têm força de cumprimento, passível de ação por parte dos Conselhos Profissionais e do Ministério Público).
O sistema de ética em pesquisa (na verdade, de Bioética) é, pois, sistema diferente do sistema de ética profissional, guardando-se, porém, uma articulação harmônica entre eles. Vale salientar que o sistema de ética em pesquisa não aplica penalidade; contudo, a não observância aos preceitos éticos pode levar os infratores a julgamento na justiça comum e/ou no conselho de ética profissional.
O sistema de ética profissional está sob a égide e supervisão específica do Conselho Federal de cada profissão. O sistema de ética na pesquisa, sob a égide do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa e do Conselho Nacional de Saúde, aplica-se a todas as profissões, em qualquer área da pesquisa em seres humanos.
No mundo atual, as questões éticas, na área da saúde, vêm se tornando mais complexas e abrangentes; extrapolam o campo da ética profissional e o campo da ética na pesquisa. As relações humanas na área de saúde cada vez se tornam mais profundas e multifacetadas e cada vez envolvem novos personagens e novas instâncias e/ou instituições. São questões de natureza multi, inter e transdisciplinar que emergem e dizem respeito ao sistema de saúde.
No Brasil, país que tem um sistema de saúde pioneiro, as questões se evidenciam de maneira concreta em escala crescente. São questões de ética que estão além da ética profissional e além da ética em pesquisa, embora possam guardar estreitas relações com ambos os campos da ética. São questões que envolvem todo o sistema de atenção à saúde: governantes e governo, gestores, administradores, equipes de saúde, pacientes, familiares e diversos segmentos da sociedade. Em suma, cada vez mais se evidencia uma lacuna no campo da ética do sistema de atenção (ou cuidados) à saúde. E, cada vez mais, se reconhece que se trata de um tema de Bioética.
Não é por outra razão que tem surgido a ideia da criação de Comissão de Bioética Hospitalar. Várias instituições têm criado tais comissões; na maioria das vezes sem definição clara do seu papel, às vezes por mero modismo, outras vezes como mecanismo e processo educativo e/ou assessoria (em sentido vago).
Cremos que é chegado o momento de, por um lado, propor a criação de um sistema de Bioética na Atenção à Saúde (Bioética em situação Clínica ou Bioética Clínica) e, por outro, equacionar, à luz da Bioética, o significado e o papel das Comissões de Bioética no sistema de saúde, aqui entendido em seu sentido total, isto é, Sistema Único de Saúde (SUS) e Sistema Suplementar de Saúde. Nossa proposta é no sentido de, ouvidos os diversos segmentos da sociedade, elaborar um sistema de ética na atenção à saúde.
Com exclusivo espírito de colaboração, apresentamos um esboço do delineamento das atividades e do próprio arcabouço do sistema, baseado na experiência e vivência colhidas quando da elaboração do sistema de ética na pesquisa (Resolução n. 196/96 e complementares) na qualidade de coordenador (W. S. H.) do grupo de trabalho e de presidente da Comissão Nacional de Ética na pesquisa em seres humanos (1996 a 2007). Vale referir que a Comissão Científca do 8º Congresso Internacional de Ética (Bioética) Clínica havia solicitado tal estudo, incluído como palestra de encerramento do congressoª.
O que se propõe, portanto, é a criação de um sistema à semelhança do sistema de ética em pesquisa, ao menos na dinâmica de sua construção e na sua “filosofia” (Bioética e Controle Social). Definitivamente não se trata de código de ética e nem de entraves burocráticos, mas de Bioética em seu verdadeiro sentido.
William Saad Hossne*
Leo Pessini**
a. Publicado em “Pessini L, Barchifontaine CP, Hossne WS, Anjos MF, organizadores. Ética e Bioética Clínica no Pluralismo e Diversidade: teorias, experiências e perspectivas. São Paulo: Centro Universitário São Camilo / Ideias e Letras; 2012. p. 229-49.
The need for a Bioethics commission system in Health Care
Brazil currently has two well structured and active systems in the field of health ethics: the professional ethics system and the ethics in human research system.
The system of professional ethics (of health professions) is based on legal provisions and begins with the creation of the Federal Councils (there are, linked to them regional councils, and in the case of Medicine and Nursing, the Medical Ethics Committees and Nursing Ethics Committees).
In the case of Medicine, the Federal Council and the Regional Councils were established in 1945 by Decree-Law no. 7255, and they became an autarchy as a whole (with legal personality under public law), with administrative and financial autonomy, in 1957, with Federal Law no. 3268/57. It was the first to be created. Then, in chronological order, the following Federal Councils in the health area were created: Pharmacy – 1960 (Law no. 3820); Dentistry – 1964 (Law no. 4324); Veterinary Medicine – 1968 (Law no. 5517), Psychology – 1971 (Law no. 5766); Nursing – 1973 (Law no. 5905); Physiotherapy and Occupational Therapy – 1975 (Law no. 6316); Nutrition – 1978 (Law no. 6583); Biology – 1979 (Law no. 6684); Phonoaudiology – 1981 (Law no. 6965); Biomedicine – 1982 (Law no. 7017); Physical Education – 1998 (Law no. 9696).
These are organs that regulate, monitor, supervise and oversee ethics in specific professional activities by means of the Codes of Ethics and resolutions; they are evaluative and disciplinary organs. The system of professional ethics is firmly established and fully active.
The ethics system was instituted in research more recently, being the first initiative taken in 1988 (Resolution no. 01/1988 of the National Health Council). But in fact the system was created in 1996, with the resolution of National Health Council from 10 October 1996 (Resolution no. 196/96).
This system is includes the National Research Ethics Commission and the Institutional Research Ethics Committees, endowed with “public power”. The ethics in research system is linked to the National Health Council, a body that, by law, has a social control role (the provisions of resolutions are mandatory, subject to sanctions by Professional Boards and prosecutors).
The ethics in research system (actually a Bioethics system) is therefore a different system from the system of professional ethics, but there is a harmonic articulation between both. It is worth noting that the ethics in research system does not apply penalties. However, the non-compliance to ethical precepts may bring offenders to trial in regular courts and/or in professional ethics councils.
The professional ethics system is under the specific control and regulation of the Federal Council of each profession. The ethics in research system is under the control of the National Research Ethics Committee and the National Health Council, and is valid for all professions, in any area of research in human beings.
In today’s world, ethical issues in health care are becoming more complex and comprehensive; they extrapolate the field of professional ethics and the field of ethics in research. Human relations in health care are becoming increasingly deeper and more multifaceted and are involving new actors and new instances and/or institutions. These are multi, inter and transdisciplinary issues that emerge and relate to the health system.
In Brazil, a country that has a pioneer health care system, the issues are evident in a concrete way on an increasing scale. They are ethical issues that go beyond professional ethics and beyond ethics in research, although they may have close relations with both fields of ethics. These are issues that involve the whole system of health care: rulers and government, managers, administrators, health staff, patients, families and various segments of society. In short, it is increasingly clearer a gap in the field of ethics of the health care system. And, increasingly, this is recognized as an issue of Bioethics.
This is the reason why the idea of creating a Hospital Bioethics Committee has arisen. Several institutions have created such committees, most often without a clear definition of their role, sometimes by mere fad, and sometimes as a mechanism and educational and/or counseling process (in a vague way).
We believe that the time has come, on the one hand, to propose the creation of a system of Bioethics in Health Care (Bioethics in Clinical situations or Clinical Bioethics) and, secondly, to consider, in the light of Bioethics, the meaning and role of Bioethics Committees in the health system, here understood in its full sense, i.e., both the Unified Health System (SUS) and the Supplemental Health System. Our proposal is focused on developing a system of ethics in health care after hearing the various segments of society. With the sole purpose of collaborating, we present an outline of the design activities and the very framework of the system, based on background and on the experiences gathered during the preparation of the ethics in research system (Resolution 196/96 and complementary) as coordinator (W. S. H.) of the working group and president of the National Commission of Ethics in research in human beings (from 1996 to 2007). It is worth noting that the Scientific Commission of the 8th International Congress on Clinical Ethics (Bioethics) had requested such a study, included as the closing lecture of the congressª.
What is proposed, therefore, is the creation of a system similar to that of the ethics in research system, at least as regards the dynamics of its structure and its “philosophy” (Bioethics and Social Control). Definitely this is not about a code of ethics nor bureaucratic barriers, but Bioethics in its true sense.
William Saad Hossne*
Leo Pessini**
a. Published in “Pessini L, Barchifontaine CP, Hossne WS, Anjos MF, organizadores. Ética e Bioética Clínica no Pluralismo e Diversidade: teorias, experiências e perspectivas. São Paulo: Centro Universitário São Camilo / Ideias e Letras; 2012. p. 229-49.
Experiencia de los pediatras con los dilemas éticos y la consulta ética en la práctica médica en Argentina
Experience of pediatricians with ethical dilemmas and ethical consultation in medical practice in Argentina
Autores:
Adriana Vilma Scrigni
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Resumo:
El objetivo del presente estudio es explorar las experiencias de pediatras que pertenecen a la Sociedad Argentina de Pediatría (SAP) en relación a los dilemas éticos (DE) que se presentan en su actividad asistencial, la accesibilidad a un comité de ética (CE) y la utilidad que éste pudo brindar a los pediatras. Se desarrolló un cuestionario que se incorporó al portal de Internet de la SAP. Se incluyeron preguntas referidas a la actividad profesional de los encuestados, los dilemas éticos que se presentaron en su actividad asistencial, la accesibilidad a la consulta a un CE, y si la ayuda recibida fue útil. Para el análisis de los resultados se empleó estadística descriptiva. Para comparar entre pediatras que consultaron o no a un CE se usó test de Chi cuadrado o test de t y el valor significativo fue <0.05. Se usó el paquete estadístico STATA 9.1. Respondieron al cuestionario 450 pediatras de 21 provincias argentinas; promedio de edad 49.5 años y 22.8 años de actividad profesional; el 47.5% trabajaba en hospital y consultorio; 78% lo hacía en hospitales públicos; 75% admitió no tener suficientes conocimientos para resolver DE que se presentaron en su actividad asistencial;48% tenía acceso a la consulta ética y 44% tenía CE en el lugar de trabajo pero el 60% nunca consultó a un CE. Menos del 10% de los pediatras nunca vivenció un DE en su tarea asistencial. Los DE más frecuentes fueron: desacuerdos entre el paciente y su familia y el médico en relación conel tratamiento propuesto, cuestiones de limitación de soporte vital y disponibilidad de recursos. El 76% de los médicos que consultaron a un E
consideraron útil la ayuda recibida. Como conclusión del presente trabajo, se observó que los DE son muy frecuentes en la práctica pediátrica asistencial; aproximadamente la mitad de los encuestados tiene acceso a un CE y el 76% de los pediatras que consultaron a un CE admitieron que la ayuda recibida fue útil.
Palabras-Llave: Comités de Ética. Consultoría Ética. Ética Clínica.
The aim of the present study is to explore experiences of pediatricians who are members of Sociedad Argentina de Pediatría (SAP) [Argentinian Society of Paediatrics] as regards ethical dilemmas (ED) which present to them in their work activities, the accessibility to a committee of ethics (CE) and the utility that this latter may have to pediatricians. We developed a questionnaire that was posted at SAP Internet portal. We includedquestions referring to the professional activity of the interrogated persons, the ethical dilemmas that appear in their work activity, the accessibility to consultation to a CE and question on whether the received help was useful. For the analysis of the results a descriptive statistic model was used. To compare pediatricians who consulted or not a CE we used T-test and the significant value was <0.05. We used the statistical program STATA 9.1. 450 pediatricians of 21 Argentine provinces answered the questionnaire; their average age was 49.5 years, and the average time of professional activity was 22.8 years; 47.5% were employed at hospitals and had an office; 78% worked in public hospitals; 75% admitted not having enough knowledge to resolve ED that they had to face in their work activity; 48% had access to ethical consultation and 44% had a CE at the work place but 60% never consulted a CE. Less than 10 % from the pediatricians had never had to face an ED in their work activities. The more frequent ED were: disagreements between the patient and family and the doctor as regards the proposed treatment, questions of limitation of vital support and availability of resources. 76% of the doctors who consulted a CE considered the received help to be useful. As a conclusion of the present work, we observed that ED are very frequent in pediatric help practice; about half of the interrogated pediatricians has access to a CE and 76 % of those who consulted a CE admitted that the received help was useful.
Keywords: Ethics Committees. Ethics Consultation. Ethics, Clinical.
O objetivo do presente estudo foi explorar experiências de pediatras que são membros de Sociedad Argentina de Pediatría (SAP) [Sociedade Argentina de Pediatria] quanto a dilemas éticos (DE) que lhes são apresentados em suas atividades de trabalho, o acesso a um comitê de ética (CE) e a utilidade que este último pode ter para os pediatras. Desenvolvemos um questionário que foi postado no portal de Internet da SAP. Incluímos perguntas referentes à atividade profissional das pessoas interrogadas, os dilemas éticos que aparecem na sua atividade de trabalho, o acesso à consulta a um CE e sobre se a ajuda recebida foi útil. Para a análise dos resultados, usou-se um modelo estatístico descritivo. Para comparar pediatras que consultaram e não consultaram um CE, usamos o T-test com um valor significativo de <0.05. Usamos o programa estatístico STATA 9.1. Responderam o questionário 450 pediatras de 21 províncias argentinas; a idade média foi de 49.5 anos, e o tempo médio de atividade profissional foi de 22,8 anos; 47,5% trabalhavam em hospitais e tinham consultório; 78% trabalhavam em hospitais públicos; 75% admitiram não ter conhecimento bastante para resolver os DEs que tiveram de enfrentar na sua atividade de trabalho; 48% tinham acesso à consulta ética; e 44% tinham um CE no lugar de trabalho, mas 60% nunca consultaram um CE. Menos de 10% dos pediatras nunca tinham tido de enfrentar DEs nas suas atividades de trabalho. O DE mais frequente foi: discordâncias entre o paciente e família e o médico quanto ao tratamento proposto, questões sobre limitação de suporte vital e disponibilidade de recursos. 76% dos médicos que consultaram um CE julgaram que a ajuda recebida foi útil. Como conclusão do presente trabalho, observamos que os DEs são muito frequentes na prática de ajuda pediátrica; aproximadamente a metade dos pediatras interrogados tem acesso a um CE, e 76% daqueles que consultaram um CE reconheceram que a ajuda recebida foi útil.
Palavras-chave: Comissão de Ética. Consultoria Ética. Ética Clínica.
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Esterilização compulsória de pessoa com deficiência intelectual: análise sob a ótica do princípio da dignidade da pessoa humana e do respeito à autonomia do paciente
Compulsory sterilization of people having ntellectual disabilities: analysis from the viewpoint of the principle of human dignity and espect for patients autonomy
Autores:
Aline Albuquerque
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Resumo:
Este artigo teve como escopo analisar a esterilização compulsória de pessoa com deficiência intelectual à luz do princípio da dignidade humana, mais precisamente com base em um de seus elementos, a autonomia. Objetivou-se, ainda, neste artigo, examinar o dispositivo da Lei n. 9.263, de 23 de janeiro de 1996, que versa sobre o planejamento familiar e a esterilização voluntária e involuntária. Sendo assim, esta investigação, baseada em revisão de literatura e no emprego de método dedutivo, adotou como passos metodológicos: a demarcação conceitual do princípio da dignidade humana, e, especificamente, do princípio da autonomia. Num segundo momento, o objeto de análise foi a Lei de planejamento familiar e seu preceito acerca da esterilização mediante autorização judicial visando delimitar seu âmbito de atuação e requisitos de aplicação. E, por fim, aplicaram-se os fundamentos teóricos desenvolvidos nos itens iniciais a caso específico com vistas a verificar sua compatibilidade com o princípio da dignidade da pessoa humana e, particularmente, com o marco legislativo pátrio. Concluiu-se que a esterilização compulsória viola o princípio da dignidade humana, uma vez que não respeita a autonomia do paciente e a trata como mero objeto.
Palavras-chave: Esterilização. Deficiência Intelectual. Dignidade Humana. Autonomia Pessoal.
This article aims to analyze the scope of compulsory sterilization of people having intellectual disabilities under the principle of human dignity, more precisely on the basis of one of its elements, namely, autonomy. This article intends to examine the dispositions of Law No. 9263 of January 23, 1996, which deals with family planning and voluntary and involuntary sterilization. Thus, this research has adopted as methodological steps: a conceptual demarcation of the principle of human dignity, and, specifically, the principle of autonomy; as a second step, the object of analysis was the Law on family planning and sterilization and the legal authorization aiming at delimiting its scope and its application requirements; and, finally, the application of theoretical foundations developed in the first moments to a specific case aiming to verify its compatibility with the principle of human dignity and particularly with the national legislative framework. We concluded that compulsory sterilization violates the principle of human dignity, because it does not respect patients’ autonomy and deals with them as mere objects.
Keywords: Sterilization. Intellectual Disability. Human Dignity. Personal Autonomy.
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New bioethical challenges in neuroscience
Novos desafios bioéticos em neurociência
Autores:
António Jácomo
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Resumo:
Modern developments in the neurosciences raise a number of ethical issues, not always discussed in a dispassionate way. The most pressing interest lies in the fact that ‘neuroethics’ condenses an interdisciplinary scientific-philosophical reflection. Encouraged by neuroethics, new data on brain function promote a review of neuroethical “actus humanus”, and a new vision about anthropological dualism. One of the main implications of contemporary advances in neuroscience is the awareness that traditional philosophical questions are not able to give a good foundation for valid moral discernment. Moreover, neuroethics has a magic charm not just for ethical deliberation, but the cases that fall within its jurisdiction include some of the most controversial and strange issues, such as the question of dualism. Since Neuroethics, as a “neuroscience of ethics”, clarifies the constraints of human action, we can easily understand that the more we know about these conditioning factors the more we are able to affirm and justify the limits of ethics in neuroscientific knowledge. Faced with this dichotomy challenges, how do we justify ethics in the neurosciences? The link that we propose in the article is to make a synthesis of the “brain of the ethics” and the “ethics of the brain”.
Keywords: Ethics. Cerebrum. Bioethics. Neuroethics.
Os desenvolvimentos modernos das neurociências levantam um número de questões éticas nem sempre discutidas de um modo imparcial. O interesse mais urgente reside no fato de a ‘neuroética’ condensar uma reflexão científica e filosófica interdisciplinar. Estimulados pela neuroética, novos dados sobre a função cerebral promovem uma revisão do “actus humanus” neuroético e traz uma nova visão sobre o dualismo antropológico. Uma das implicações principais dos avanços contemporâneos da neurociência é a consciência de que as questões filosóficas tradicionais não são capazes de fornecer um bom fundamento ao discernimento moral válido. Além disso, não só a neuroética tem um encanto mágico para a deliberação ética como os casos que estão incluídos em sua jurisdição envolvem algumas questões mais controversas e estranhas, como a questão do dualismo. Como a Neuroética, na qualidade de “neurociência da ética”, esclarece as restrições da ação humana, podemos facilmente entender que quanto mais sabemos sobre esses fatores condicionantes, tanto mais capazes somos de afirmar e justificar os limites da ética no conhecimento neurocientífico. Diante do desafio dessa dicotomia, como justificamos a ética nas neurociências? A conexão que propomos no artigo é fazer uma síntese entre o “cérebro da ética” e a “ética do cérebro”.
Palavras-chave: Ética. Cérebro. Bioética. Neuroética.
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A contribuição de Fritz Jahr em vista de relações de respeito no contexto da diversidade religiosa
The contribution of Fritz Jahr to respectful relationships in the area of religious diversity
Autores:
Geni Maria Hoss
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Resumo:
A dimensão espiritual / religiosa é hoje reconhecida e contemplada nas mais diversas esferas da vida humana. O ser humano está em constante busca de sentido que transcende os seus limites e vulnerabilidades e que lhe permitem experiência de sentido de vida no contexto em que vive. A falta de saúde é um fator que torna sua busca ainda maior por experiências que tornem a vida significativa, independentemente de suas condicionantes e limitações. Entendendo assim a condição humana, além do direito à liberdade de profissão de fé, garantido para os cidadãos, é preciso garantir uma relação recíproca de respeito diante da fé do outro e à assistência espiritual, particularmente durante enfermidades e períodos de internação. Fritz Jahra apontou algumas diretrizes que favorecem e promovem boas relações entre diferentes grupos religiosos que aqui são aplicadas à assistência espiritual na área da saúde.
Palavras-chave: Assistência. Espiritualidade. Religião. Saúde.
Human spiritual / religious dimension is recognized and considered today in the most diverse spheres of human life. Human beings are continuously searching for a sense that transcend their limits and vulnerabilities and allows them to experience the meaning of life in the context inside which they live. A bad health condition is a factor that makes even more intense their search for experiences that bring a more significant life, independently of its conditions and limitations. Understanding human condition as such, in addition the right of freedom in professing faith, guaranteed to citizens, it is essential to guarantee a mutual relationship of respect for of each for another’s faith and spiritual assistance especially during infirmities and periods of hospitalization. Fritz Jahr recommends some guidelines that favor and promote good relationships between different religious groups which, here, are applied to spiritual assistance in the health area.
Keywords: Assistance. Spirituality. Religion. Health.
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Bioetiche a confronto: comparazione tra Bioetica Anglo-americana, Europea, Latino-americana, Africana e Asiatica
Bioethics in contrast: comparing Anglo-American, European, Latin American, African and Asiatic Bioethics
Autores:
Antonio Puca
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Suicídio: uma solução para o envelhecimento, a morte e problemas médicos?
Suicide: a solution to aging, dying, and medical problems?
Autores:
James F. Drane
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Mar Adentro: uma análise complementar à Bioética
The Sea Inside: an analysis complementary to Bioethics
Autores:
Noemi Boer
Ana Maris Petry
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Resumo:
O artigo relata a análise do filme Mar Adentro a partir da metodologia ontopsicológica de interpretação das imagens. Esta análise, complementar ao tema da bioética, busca suprir uma lacuna encontrada em trabalhos consultados, particularmente o de Pessini (2008), em que o problema central que gera a situação de vida de Ramón Sampedro, personagem principal do filme, não é suficientemente considerado na análise bioética apresentada pelo autor. Neste trabalho, parte-se da história pregressa da personagem para identificar manifestações de dinâmicas inconscientes que
culminam no acidente que o deixa tetraplégico. A análise realizada fornece elementos que corroboram a hipótese de Pessini, de que o acidente do protagonista é o resultado de uma dinâmica inconsciente da personagem.
Palavras-chave: Análise Fílmica. Inconsciente. Bioética.
The article reports the analysis of the film The Sea Inside from a psychological perspective and complementary to the euthanasia theme discussed in bioethics. It seeks to fill a gap found in the studies reviewed, particularly that of Pessini (2008), in which the fundamental problem that creates the life situation of Ramon Sampedro, the film’s central character, is not enough to considered in the bioethical analysis presented by the author. It starts with the character’s previous history to identify manifestations of unconscious dynamics that culminate in the accident that leaves him a quadriplegic. The use of assumptions and categories of filmic interpretation provides a more specific analysis of the potential dynamics that drive the life of a character, supporting Pessini’s hypothesis that the accident of the protagonist is the result of the character’s unconscious dynamic.
Keywords: Film Analysis. Unconscious. Bioethics.
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Bioética – e agora, o que fazer?
Bioethics – what are we to do now?
Autores:
William Saad Hossne (Coordenador)
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Da Ilíada à Bioética: etapas para uma unificação do real?
From the Iliad to Bioethics: stages for a unification of reality?
Autores:
Hubert Lepargneur
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Resumo:
Este texto teve por objetivo discorrer acerca das atuações vitais, com finalidade belicosa ou como pesquisa ou operação de bioética, que comportam analogias que envolvem idênticas capacidades vitais do ser humano. Evocando dois fenômenos bem distintos e suas finalidades, nas estruturas e nas épocas históricas, questionamos se estamos numa evolução que almeja aos poucos uma “globalização universal”, ora com uma ruptura de ordem sobrenatural, isto é, religiosa, ora num processo puramente científico, que teria sido recentemente descoberto com a “física quântica”, ainda enigmático com sua aliança com a física clássica (que ele não substitui, mas complementa). Não entraremos, entretanto, na teoria dos quanta, que possui desde ampla bibliografia, ainda que notadamente incompleta e enigmática.
Palavras-chave: Bioética. Teoria Quântica. Literatura.
This text aims to talk about vital actings, with warlike finalities or as inquiries or bioethical operations, something which holds analogies involving identical vital capacities typical of human beings. Evoking two quite different phenomena and their finalities, in the structures and in the historical times, we question whether we are in an evolution that longs to gradually attain a “universal globalization”, sometimes with a break of a supernatural order, i.e. religious, other times in a purely scientific process, which would have been recently uncovered with “quantum physics”, still enigmatic with its alliance with classic physics (which that one does not substitute for, but complements). We do not intend to discuss quanta theory, which has always had a great many texts about, although very incomplete and enigmatic.
Keywords: Bioethics. Quantum Theory. Literature.
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Fritz Jahr e o Imperativo Bioético
Debate sobre o início da Bioética na Alemanha e sua importância em nível internacional
Fritz Jahr and the Bioethical Imperative
A debate on the first moments of Bioethics in Germany and its worldwide relevance
Autores:
Geni Maria Hoss
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A década de conquistas da Bioética no Brasil: uma visão transatlântica
A decade of achievements of Bioethics in Brazil as seen from this side of the Atlantic
Autores:
Walter Osswald
Ana Sofia Carvalho
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Comentários acerca do artigo “A morte cerebral é a verdadeira morte? Um problema aberto”
Comments about the paper “Is brain death real death? An unresolved issue”
Autores:
Raul Marino Júnior
Antonio Puca
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Errata
Autores:
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Bioética en el final de la vida. El derecho a morir en paz. La autonomía personal y las directivas anticipadas. Reflexiones en torno a la Ley de Muerte Digna
Autores:
Pedro F. Hooft
Lynette Hooft
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Notícias do Programa de Mestrado e Doutorado em Bioética
News about the Master and Doctorate Program – Bioethics
Autores:
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Instruções aos autores
Autores:
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