Edição v. 8, n. 4
REVISTA BIOETHIKOS
OUTUBRO/ DEZEMBRO 2014
A nova edição (4ª.) da Enciclopédia de Bioética “If it is not critical, bioethics can become apologetic and ideological”. Bruce Jennings, Editor-Chefe da Enciclopédia A bioética está prestes a completar meio século de existência, se considerarmos seu surgimento o ano de 1970, nos EUA, com as intuições de Van Rensselaer Potter (Wisconsin University, Madison, WI) e Instituto Kennedy (Georgetown University) em Washington, D.C., e já dispunha desde seu nascedouro, em 1978, uma obra referencial importante. Trata-se da publicação da primeira edição da Encyclopedia of Bioethics, em dois enormes volumes, sob a responsabilidade editorial de Warren Thomas Reich, pesquisador no Instituto Kennedy de ética, na Universidade Georgetown. Reich foi também o editor chefe da 2a edição dessa obra, revista e atualizada, publicada em 1995 por Simon & Schuster Macmillan (New York). A 3a edição, publicada em 2004, por Macmillan Reference USA (Thomson & Gale), tem um novo editor responsável: Stephen G. Post (Case Western Reserve University) que já trabalhara como editor associado com Reich na preparação da 2a edição dessa obra. Com sua publicação inicial em 1978 (1a ed.), a Enciclopédia de Bioética tornou-se a primeira referência a focar exclusivamente o novo e promissor campo da bioética, ajudando a definir a disciplina. Nesse momento, o então florescente campo da bioética ainda não era bem definido e nem reconhecido. Tanto a primeira quanto à segunda edição (1995), ainda são uma referência fundamental para a bioética tanto para professores, quanto para estudantes e aqueles que trabalham na área dos cuidados da saúde, filosofia, meio ambiente, direito e estudo das religiões. A mais nova edição dessa obra monumental, completamente revisada e atualizada (4a Edição) lançada neste ano de 2014, tem um novo Editor-Chefe, Bruce Jennings (Yale University), e apresenta uma profunda revisão e atualização dos assuntos em relação às edições anteriores. Essa 4a edição foi expandida para incluir visões de outros países e nações, para além da visão norte-americana principialista de suas origens, em questões tais como aborto: uma visão hinduísta, triagem médica, responsabilidade social, acesso aos cuidados de saúde, pesquisa com células tronco, entre outros assuntos de grande relevância no atual estágio da evolução da bioética. Na introdução da primeira edição da Enciclopédia de Bioética, o editor chefe Warren T. Reich definiu bioética como “o estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida e da saúde, enquanto esta conduta é examinada à luz de valores morais e princípios”. Essa definição esteve na base das primeiras três edições dessa obra (1978, 1995 e 2004), e torna-se o ponto de partida para essa nova edição, complemente revista e atualizada. O objetivo dessa nova reformulação depende do que se inclui nas “ciências da vida”, definição e determinantes de saúde, e métodos de ética. Essas questões, como nas edições anteriores são tratadas de uma forma bastante ampla e aberta. Talvez fazendo eco do VI Congresso Mundial de Bioética, realizado em Brasília, em 2002, que teve como tema central: Bioética: poder e injustiça, Bruce Jennings na introdução dessa 4a edição afirma que: “Esta edição de Bioética não despreza as questões de poder no âmbito da ciência, tecnologia e saúde. Os dilemas éticos com frequência são indicativos de inequidades estruturais, institucionais e de injustiça. Esses temas são explorados em numerosos artigos, relacionados com saúde pública, inequidade e exploração, racismo, e assuntos que tem a ver com bem estar da criança, gênero e sexualidade”1. Afirma ainda o Editor-Chefe desta 4a edição que “Em 2014, o campo da bioética mudou e ainda passa por mudanças. Constata-se três desenvolvimentos que são salientados na ampla gama de artigos desta edição, a saber: profissionalização, rigor disciplinar e expansão internacional com o reconhecimento de uma perspectiva global”1. Fala-se que a bioética tornou-se global. As questões de poder, justiça, ciência, tecnologia e saúde, pesquisas em humanos, com as quais a bioética lida hoje, não tem limites geográficos rígidos como antigamente. A partir dessa 4a edição, a então denominada Enciclopédia de Bioética, título das três edições anteriores passa a se denominar simplesmente de Bioética. São seis volumes, com 569 artigos, sendo que 221 são originais e publicados pela primeira vez, e destes, um total de 108 novos artigos abordam questões que não foram incluídas nas edições anteriores. Contém artigos novos em tópicos tais como: Aborto: perspectivas a partir do Hinduísmo; Abuso de profissionais da saúde; Biodiversidade; Deficiência cognitiva / Ferimento traumático do cérebro; Hospitais: questões éticas de governança; Socorro humanitário; Armas nucleares e pedagogia da bioética, entre outros. Inúmeros tópicos ganharam uma maior ênfase nessa edição. Observamos uma atenção maior em saúde pública, discutindo questões éticas e políticas públicas de saúde e bioética, doenças infecciosas, epidemias e saúde ambiental. Num contexto de inovação, reforma dos sistemas de saúde que estão em crise em todo o mundo, tanto nos EUA, como em outros países, muitos artigos nessa edição são dedicados a essa questão e ao aperfeiçoamento dos cuidados de saúde, qualidade, e sustentabilidade econômica e justiça, em nível doméstico e global. As questões sobre envelhecimento, doenças crônicas e degenerativas e cuidados de longa permanência também recebem uma atenção inovadora. A mudança de atitudes e políticas públicas em relação ao aborto na perspectiva internacional é amplamente analisada. Dá-se maior ênfase nos novos desenvolvimentos de biotecnologia, genética e reprodução humana e cuidados de final de vida, com uma cobertura maior em cuidados paliativos. Finalmente, nessa 4a edição dessa monumental obra de Bioética, constata-se uma maior ênfase em ética ambiental, suas filosofias e teorias (biocentrismo e ecocentrismo), campos científicos (ecologia, biologias conservacionista e evolucionária), e problemas de políticas públicas (mudanças climáticas, perda da biodiversidade, perigos que ameaçam a saúde ambiental, água potável e os efeitos tecnológicos ligados à ecologia e saúde, organização e práticas agriculturais), entre outros assuntos. Questões como o pós-humanismo e trans-humanismo, avanços em neurociência, nanotecnologia, e biologia sintética são tópicos em que um engajamento criativo entre bioética e ética ambiental parece ser bastante interessante e promissor. Segundo Bruce Jennings, uma maneira de olhar para uma Enciclopédia acadêmica de qualquer campo é vê-la como um depósito do estado de arte do conhecimento e da discussão acadêmica de uma determinada área do conhecimento humano. Essa é a ideia da Enciclopédia como um espelho. Um trabalho de referência de tal sorte é de grande utilidade e valor, com certeza. Outra maneira de ver uma enciclopédia é encará-la, não somente como depósito de conhecimento, mas como uma publicação que expande e desenvolve uma determinada área de conhecimento para além de sua posição corrente. Essa visão da Enciclopédia reflete o que está atrás, em termos de caminhada histórica, mas também ilumina o que está adiante. Essa é a ideia da Enciclopédia como uma lâmpada. Nessa perspectiva, essa Enciclopédia pode ser uma força intelectual criativa no dinâmico campo da evolução do conhecimento bioético, inspirando novas linhas de pesquisa, considerando novas questões e perspectivas teoréticas que ainda não mereceram a devida atenção e consideração no estágio atual de evolução da bioética. A Enciclopédia como um espelho e ao mesmo tempo como uma luz traz uma mensagem à comunidade dos bioeticistas. Como espelho é oportuno rever o que se construiu e humildemente aprender e crescer com a autocrítica. Como luz está a indicar a necessidade de se analisar e prever os tópicos avançados; os desafios e o futuro da Bioética. REFERÊNCIA 1. Jennings B, editor. Encyclopedia of Bioethics. Belmont (CA): Wadsworth Publishing Co Inc; 2014.
The new edition (4th) of the Encyclopedia of Bioethics “If it is not critical, bioethics can become apologetic and ideological”. Bruce Jennings, Chief Editor of the Encyclopedia Bioethics will soon complete half a century of existence, if we consider the year 1970 as being its appearance, in the USA, with Van Rensselaer Potter’s intimations (Wisconsin University, Madison, WI) and Kennedy Institute (Georgetown University) in Washington, D.C. And it already had, in its coming to life, in the year 1978, an important referential system. We have in mind here the publication of the first edition of the Encyclopedia of Bioethics, in two huge volumes, under the publishing responsibility of Warren Thomas Reich, an investigator of Kennedy Institute of Ethics, in Georgetown University. Reich was also the publishing chief of the 2nd edition of this work, revised and updated, published in 1995 by Simon and Schuster Macmillan (New York). The 3rd edition was published in 2004, by Macmillan Reference USA (Thomson & Gale), had a new responsible publisher, Stephen G. Post (Case Western Reserve University), who had been associate publisher, working with Reich in the preparation of the 2nd edition of this work. With its starting publication in 1978 (1st edition), the Encyclopedia of Bioethics became the first reference book to focus exclusively on the new and promising field of bioethics, helping to define the discipline. In that moment, the then flourishing field of bioethics still was not quite definite or recognized. Both the first and the second edition (1995) still are a fundamental reference for bioethics, both for teachers and for students and all those who work in the areas of health care, philosophy, environment, law and the study of religions. The newest edition of this monumental, a completely revised and updated work (4th edition) launched this year 2014, have a new Chief-Editor, Bruce Jennings (Yale University), and it presents a deep revision and updating of subjects as compared to the previous editions. This 4th edition was expanded to include perspectives from other countries and nations, beyond the North American principialist view of its origins, over questions such as abortion, a hinduist view, medical triage, social responsibility, access to health care, stem-cell research, among other subjects very relevant in the current stage of the evolution of bioethics. In the introduction of the first edition of the Encyclopedia of Bioethics, the publishing chief Warren T. Reich defined bioethics as “the systematic study of human conduct in the area of the sciences of life and health, as this conduct is examined in the light of moral values and principles”. This definition was part of the foundations of the first three editions of this work (1978, 1995 and 2004), and constitutes the starting point for this new publication, complement revised and updated. The objective of this new reformulation depends on what is included in the “sciences of life”, definition and determinants of health, and ethics methods. These questions are approached, as happened in the previous editions, from a very inclusive and broad attitude. Perhaps echoing the VI World Congress of Bioethics, carried out in Brasilia, in 2002, which had as central subject “Bioethics: power and injustice”, Bruce Jennings says in the Introduction of this 4th edition that: “This edition of Bioethics does not despise the questions of power in the context of science, technology and health. The ethical dilemmas are frequently indicative of structural, institutional inequalities and injustice. These subjects are explored in numerous articles concerning public health, inequality and exploration, racism, and subjects that have to do with children’s wellness, gender and sexuality”. The Chief Editor of this 4th edition also declares that “In 2014, the field of bioethics changed and it is still changing. One may identify three developments that are pointed out in the broad variety of articles of this publication, namely: professionalization, disciplinary rigor and international expansion, with the recognition of a global perspective” (1). It is said that bioethics became global. The questions of power, justice, science, technology and health, research in human beings – with which bioethics copes today – have not rigid geographical limits as happened formerly. From this 4th edition on, the formerly titled Encyclopedia of Bioethics, maintained in the three previous publications, begins to be called simply Bioethics. There are now six volumes, containing 569 articles, 221 of which are original and published for the first time. From these latter, a total of 108 new articles approach questions that were not included in the previous editions. It contains new articles on topics such as: abortion, a perspective from Hinduism; health professionals’ abuses; Biodiversity; cognitive Deficiency / traumatic brain injury; Hospitals: ethical questions of governance; humane help; nuclear weapons and pedagogy of bioethics, among others. Countless topics have acquired a more emphatic instance in this publication. We observe a broader attention to public health, discussions on ethical questions and public health policies and bioethics, infectious diseases, epidemics and environmental health. In a context of innovation, the reform of the systems of health that are in crisis in the entire world, both in the USA and in other countries, is the object of many articles in this publication and the same applies to the improvement of health care, quality of health care, economical sustainability and justice, both the domestic and the global levels. The questions on aging, chronic diseases and degenerative diseases, as well as long permanence care also receive an innovative perspective. The change of attitudes and public policies regarding abortion in the international perspective is exhaustively analyzed. A greater emphasis is given to the new developments of biotechnology, genetics and human reproduction, as well as end of life care, with a broader approach of palliative cares. Finally, in this 4th edition of this monumental work on Bioethics, a greater emphasis is given to environmental ethics, its philosophies and theories (biocentrism and ecocentrism), scientific fields (ecology, and conservationist and evolutionary biology), and problems of public policies (climatic changes, loss biodiversity, dangers that threaten environmental health, drinkable water and the technological effects connected to ecology and health, organization and agricultural practices), among other subjects. Questions as post-humanism and trans-humanism, advancements in neuroscience, nanotechnology, and synthetic biology are topics in which a creative commitment between bioethics and environmental ethics seems to be quite interesting and promising. According to Bruce Jennings, a way to consider an academic Encyclopedia of any field is to see it not as a repository of the state of the art of knowledge and academic discussion of a certain area of human knowledge. This is the idea of the Encyclopedia as a mirror. A reference work such as this has no doubt a great usefulness and value. Another way of seeing an encyclopedia is to consider it not only as a repository of knowledge but also as a publication that expands and develops a certain area of knowledge for supplanting its current position. This view of the Encyclopedia reflects what is behind, in terms of historical course, but also it illuminates what is beyond. This is the idea of the Encyclopedia as a lamp. In this perspective, this Encyclopedia may be a creative intellectual force in the dynamic field of the evolution of bioethical knowledge, inspiring new lines of research, considering new questions and theoretical perspectives that still did not deserve an adequate attention and consideration in the current stage of bioethics evolution. The Encyclopedia as a mirror and at the same time as a light brings a message to the community of bioethicists. As a mirror it makes opportune to revise what has been built, to learn in humility and to grow with auto-criticism. As a light it is indicating the necessity of analyzing and predicting the advanced topics, the challenges and the future of Bioethics. REFERENCES 1. Jennings B, editor. Bioethics. USA: Wadsworth Publishing Co Inc; 2014.
Dos referenciais da Bioética – o altruísmo
On the bioethical referential systems –altruism
Autores:
William Saad Hossne
Leo Pessini
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Resumo:
O presente texto teve como objetivo propor o conceito de altruísmo como sendo um dos referenciais importantes para a opção de valores na deliberação bioética. Nessa busca, a reflexão se concretiza em sete itens temáticos: Inicia-se com o levantamento de uma série de questionamentos para oferecer subsídios para uma reflexão crítica sobre o conceito de altruísmo (I). Num segundo momento busca-se respostas e apresentam-se novas indagações, no senso comum, filosófico, nas diretrizes éticas profissionais e nos documentos de pesquisa com seres humanos (II). A seguir pergunta-se: o altruísmo seria uma virtude? (III), deveríamos ou não assumir o conceito de altruísmo adjetivado? Ou adjetivação do altruísmo (exemplo: caso do altruísmo biológico) (IV). O levantamento de dados bibliométricos mostra que o conceito é recente no âmbito da bioética (V). Seguimos analisando alguns conceitos afins com o conceito de altruísmo: a alteridade, a solidariedade e a autonomia (VI), e finalmente a última peça é colocada no tabuleiro da reflexão com a perspectiva ética e bioética do altruísmo (VII), para concluir que o altruísmo é um referencial, com identidade e personalidade própria para a deliberação bioética.
Palavras-chave: Bioética. Bioética – referenciais. Altruísmo.
The present text has as its aim to propose the concept of altruism as being one of the important referential systems for the option for values in bioethical deliberation. In this search, the reflection takes concrete shape in seven thematic items. It begins with the proposition of a series of critical discussions for offering subsidies for a critical reflection on the concept of altruism (I). In a second moment answers are searched and new investigations are presented, in common sense, in philosophical sense, in professional ethical guidelines and in documents on research with human beings (II). Next one asks: would altruism be a virtue? (III), should we assume or not the concept of adjectivated altruism? Or adjetivation of altruism (for example: the case of biological altruism) (IV). A bibliometric survey shows that the concept of altruism is recent in the context of bioethics (V). We then analyze some concepts similar to that of altruism: alterity, solidarity and autonomy (VI), and finally the last piece is put in the tray of reflection with the ethical and the bioethical perspective of altruism (VII), and we conclude that altruism is a referential system, having an identity and a personality of its own as regards bioethical deliberation.
Keywords: Bioethics. Bioethics – referential systems. Altruism.
A ética da libertação de Enrique Dussel: entre as éticas europeias e o principialismo na bioética
The ethics of liberation Enrique Dussel: between the European ethical and principlism in bioethics
Autores:
Cleide Bernardes
Julio Cabrera
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Resumo:
O objetivo deste trabalho foi apresentar a Ética da Libertação de Enrique Dussel como um possível referencial teórico para a Bioética latino-americana. A Ética da Libertação é uma crítica radical às teorias éticas clássicas que deram origem ao pensamento ético no ocidente, fundamentalmente às éticas deontológicas e utilitaristas, baseadas em princípios. Entretanto, a despeito de seu teor crítico, a Ética da Libertação também apresenta princípios em sua formulação. É necessário discutir até que ponto essa semelhança (o uso de princípios) poderia comprometer o potencial crítico da teoria de Dussel? Conclui-se que a aproximação da proposta de Dussel com as éticas clássicas europeias é apenas aparente: as éticas europeias, principialistas ou não, apenas se ocupam em dar uma assistência mínima aos pobres que estão dentro dessa totalidade; essas teorias simplesmente tendem a destituir de humanidade aqueles que não são alcançados por seus mecanismos assistenciais.
Palavras-chave: Princípios. Principialismo. Ética. Teorias Éticas Europeias. Libertação.
The purpose of this paper is to present Enrique Dussel’s Ethics of Liberation as a possible theoretical framework for Latin American Bioethics. Liberation Ethics is a radical critique of the classical ethical theories giving rise to ethical thought in the West, primarily deontological and utilitarian ethics, based on principles. However, despite its critical content, Ethics of Liberation also presents principles in its formulation. Our question is: to what extent this similarity (the use of principles) could compromise the critical potential of Dussel's theory? In our analysis, we concluded that the proximity of the Dussel’s proposal with European classical ethics is only apparent: European ethics, be they principialist or not, just engage in giving a minimum assistance to the poor that are within that whole; these theories simply tend to deprive from humanity those who are not a target of their assistance mechanisms.
Keywords: Principles. Principialism. Ethics. European Ethical Theories. Liberation Ethics.
Eugenia, ética e religião
Eugenics, ethics and religion
Autores:
Quétlin Nicole Meurer
Sandra Maria Krindges
Everaldo Cescon
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Resumo:
O objetivo desse artigo foi avaliar, na perspectiva etica e religiosa, as praticas eugenicas. No primeiro momento buscou-se brevemente contextualizaro avanco das ciencias e das biotecnologias com a matriz etica necessaria no ambito de tais discussoes. No segundo momento, conceituou-se eugenia, posteriormente, demarcando posicionamentos apresentados por Habermas e Sandel, bem como aspectos eticos que permeiam tais argumentos. Na perspectiva religiosa, partiu-se do pressuposto que valores espirituais relacionam-se diretamente com os aspectos da conduta moral e etica dos seres humanos. Assumiu-se como embasamento, a declaracao Towards a global ethics: an initial declaration do Parlamento Mundial das Religioes e o documento Observações a respeito da Declaração Universal sobre o genoma humano e os Direitos do Homem, datado de novembro de 1997, elaborado pelo Grupo informal de trabalho sobre bioetica da Secretaria de Estado da Santa Se. Por fim, buscou-se sustentar a ideia de que os beneficios e avanços da ciencia e da tecnologia por si so nao garantem ao homem certezas quanto a sua propria subsistencia e do planeta Terra no futuro. Ao contrario, ao mesmo tempo em que visa sua evolucao, pode acarretar na perda de suas caracteristicas fundamentais de ser humano. Dessa forma, a eugenia pode conduzir a perda da autonomia de seres humanos que serao pre-projetados pelos pais. Por isso, tambem, torna-se fundamental o papel das entidades representativas da sociedade a fim de que essas participem de um debate e contribuam em favor de um discurso etico e permanente a respeito do emprego das tecnicas modernas de melhoramento humano
Palavras -chave : Eugenia (Ciência). Ética. Religião.
The aim of this paper is to evaluate, from a ethical and religious perspective, eugenic practices. At first we briefly contextualize the advancement of sciences and biotechnology with an ethical matrix required as part of such discussions. The second moment conceptualizes eugenics, and later demarks the positions presented by Habermas and Sandel, as well as ethical aspects that permeate such arguments. From a religious perspective, it is assumed that spiritual values relate directly to aspects of the moral and ethical conduct of human beings. It is assumed as a basis the Declaration Towards a global ethics: an initial declaration of the World Parliament of religions and document Observations concerning the Universal Declaration on the human genome and human rights, dated November 1997, formulated by the informal Working Group on bioethics of the Secretariat of State of the Holy See. Finally we seek to sustain the idea that benefits and advances of science and technology by themselves do not guarantee men certainties as for their own subsistence and the planet’s in the future. On the contrary at the same time they aim at humans’ development, they may result in the loss of their fundamental characteristics as human beings. This way, eugenics can lead to loss of autonomy of human beings that will be pre-designed by their parents. So, too, the role of representative entities of society is fundamental in order to contribute in favor of an ethical and permanent discourse about the modern techniques of human improvement.
Keywords: Eugenics. Ethics. Religion.
Bioética ambiental: Refletindo o uso de fogos de artifício e suas consequências para a fauna
Environmental Bioethics: reflections on the use of fireworks and its consequences for animals
Autores:
Karynn Vieira Capilé
Mariana Cortes de Lima
Marta Luciane Fischer
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Resumo:
O uso de fogos de artificio e um costume tradicional em muitos paises e, desde o final do seculo XIV, ha relatos da sua utilizacao para diversos fins. Apesar de ser apreciada pelos seres humanos, esta pratica pode causar danos irreversiveis para os animais, principalmente devido aos distúrbios causados por ruidos altos que sao produzidos pelos fogos. Esta revisao sobre as consequencias do uso de fogos mostra que os principais problemas enfrentados por alguns animais sao reacoes comportamentais como estresse e ansiedade. Ha casos que apenas se resolvem com o uso de sedativos ou podem culminar em injurias fisicas e acidentes fatais. Fogos de artificio nao sao essenciais para a vida humana e podem afetar negativamente a vida de outros animais, prejudicando seu bem-estar e, consequentemente, sua saude de forma geral. Diante deste cenario, propomos uma reflexao sobre o uso de fogos de artificio e seus efeitos colaterais para os animais do ponto de vista da bioetica ambiental.
Palavras -chave : Bem-estar animal. Bioetica. Responsabilidade ambiental. Comportamento animal.
The use of fireworks is a traditional custom in many countries. There are reports of its use for various purposes since the late Fourteenth century. Although it brings pleasure to human beings, this practice may cause irreversible damage to animals, mainly due to disturbances caused by the loud noise produced by fireworks. This review about the consequences of fireworks‘ use shows that the main problems faced by animals due to the use of fireworks are behavioral reactions such as stress and anxiety, requiring, in some cases, the use of sedatives, and this may result in physical injuries or fatal accidents. Fireworks are not essential for human life and negatively affect animals lives, decreasing their welfare and, consequently, their health in general. Thus, we propose a reflection about the use of fireworks and its collateral effects to animals regarding environmental bioethic‘s point of view.
Keywords: Animal welfare. Bioethics. Environmental Responsibility., Animal Behavior.
Interfaces entre a Bioética Ambiental e o Ecoturismo
Interfaces between Environmental Bioethics and Ecotourism
Autores:
Marta Luciane Fischer
Valquiria Renk
Gabriela Rodrigues
Ana Silvia Juliatto Bordini
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Resumo:
Este é um artigo de caráter exploratório na área de Bioética Ambiental que objetiva discutir as questões éticas emergentes relacionadas ao uso da natureza e suas consequências sociais, culturais e econômicas no Ecoturismo e defender a importância da Educação Ambiental no desenvolvimento sustentável desta atividade. O Ecoturismo é uma alternativa de lazer que alia a responsabilidade sobre as áreas naturais, o bem estar da população, o desenvolvimento sustentável e a educação ambiental. Mas, a sua prática alerta para a necessidade da reflexão teórica e ética que envolve a sociedade e os usos que faz da natureza, assim como a avaliação dos impactos positivos e negativos no meio ambiente, na economia, na cultura e na organização das comunidades. Através da discussão teórica interdisciplinar entre turismo, geografia, biologia e bioética pode-se analisar os princípios éticos envolvidos no Ecoturismo, assim como considerar a vulnerabilidade econômica, social, cultural e sanitária que as comunidades estão expostas, discutir as atitudes dos turistas e os impactos decorrentes desta atividade. Como resultado, este estudo indica a importância da Bioética Ambiental na promoção do diálogo entre os interesses dos diferentes atores sociais no desenvolvimento do turismo sustentável. Há necessidade de princípios éticos que orientem a tomada de decisão para a mitigação dos conflitos decorrentes desta temática tão complexa e a urgência na formação de profissionais que atendam as demandas de sustentabilidade ambiental da humanidade e do planeta
Palavras chave: Bioética Ambiental; Ecoturismo; Educação Ambiental: Princípios éticos
This article is an exploratory study in the area of Environmental Bioethics that aims to discuss the emerging ethical issues related to the use of nature and its social, cultural and economic consequences in Ecotourism and to advocate the importance of Environmental Education for this activity to have a sustainable development. Ecotourism is an alternative of leisure that combines the responsibility for natural areas, the population’s well being, sustainable development and environmental education. But its practice alerts to the need of a theoretical and ethical reflection that involve society and the uses it makes of nature, as well as the evaluation of the positive and negative impacts in the environment, in the economy, in culture and the organization of the communities. Through the interdisciplinary theoretical discussion integrating tourism, geography, biology and bioethics it is possible to analyze the ethical principles involved in Ecotourism, as well as to consider the economic, social, cultural and health vulnerability that communities are exposed to, discuss tourists’ attitudes and the impacts arising from this activity. As a result, this study indicates the importance of Environmental Bioethics in promoting the dialogue between the interests of the different social actors in the development of sustainable tourism. There is a need for ethical principles that guide decision making to mitigate conflicts arising from this complex issue and the urgency in professional education that meet the demands of environmental sustainability of humanity and the planet
Key-words: Environmental Bioethics; Ecotourism; Environmental Education; Ethical Principles
More on Secularization, Thoughts on Sex, and the Authority of the State
Mais sobre Secularização, Pensamentos sobre Sexo e à Autoridade do Estado
Autores:
H. Tristram Engelhardt Jr
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Resumo:
AIDS: some challenging ethical questions
AIDS: algumas questões éticas desafiantes
Autores:
Jacques Simpore
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Resumo:
HIV/AIDS is a public health issue in a worldwide scale because of its high prevalence, its pathogenic character, and its mortality and morbidity. Acquired Immunodeficiency Syndrome (AIDS) is a particular disease, which entirely affects infected persons: their physical appearance, their psychological balance, their morale, their close relatives and all their social relations. Because of the moral issue related to the disease, stigmatization and discrimination can arise in society regarding Human Immunodeficiency Virus (HIV) positive individuals. In addition, many ethical problems arise, not only as regards the prevention of HIV/AIDS, its screening and medical care, but also in what concerns pharmaco-clinical research for the production and commercialization of antiretroviral drugs.
Keywords: HIV. Screening. Ethics. Medical Care.
Bioética: Pasado, Presente, Futuro - Una perspectiva personal
Bioética: Passado, Presente, Futuro - Uma perspectiva pessoal
Autores:
Fernando Lolas Stepke
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Resumo:
Princípio de Autonomia na Adolescência
The principle of autonomy in adolescence
Autores:
Marlene Pereira Garanito
Maria da Glória Porto Kok
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Resumo:
O presente artigo pretende fornecer subsídios para uma discussão da questão da autonomia na adolescência. A ideia de autonomia do adolescente, mesmo que ainda mal assimilada por alguns setores da cultura e da sociedade, não pode ser ignorada; até porque nem sempre a lógica das definições espelha a diversidade da realidade e os aspectos da vida não deveriam ser burocraticamente administrados. Com isso, apresentamos um quadro – mesmo que restrito de questionamento – para estimular a reflexão sobre a complexidade do tema.
Palavras-chave: adolescência, autonomia, Brasil, história, saúde.
This paper aims to provide subsidies for discussing the question of adolescents’ autonomy. The idea of adolescents’ autonomy, although still not well assimilated by some cultural and social sectors, cannot be ignored, among other reasons because the logic of definitions not always mirrors reality’s diversity and the aspects of life not to be bureaucratically administered. Considering all this, we present a panorama, somewhat limited, of questions to be taken into account, in order to stimulate reflections about our topic’s complexity.
Keywords: adolescence; autonomy; Brazil; history; health
O adeus in(digno) de Brittany Maynard?!
Farewell in (worthy) of Brittany Maynard?!
Autores:
Leo Pessini
William Saad Hossne
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Resumo:
Bioética – e agora, o que fazer?
Bioethics – what are we to do now?
Autores:
Wiliiam Saad Houssne (coordenador)
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Resumo:
Esta seção tem por objetivo analisar e discutir questões bioéticas, a partir de casos específicos, que podem ser
reais ou hipotéticos. Apresentando o caso, solicita-se a manifestação de pós-graduandos e docentes do Programa de
Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado do Centro Universitário São Camilo. Trata-se de atividade de interação entre
corpo docente e corpo discente do Programa. A seção é aberta a todos os interessados. A coordenação do Programa
de Pós-graduação solicita e agradece a colaboração dos leitores, enviando relatos de caso.