Edição v.5, n.3
REVISTA BIOETHIKOS
JULHO / SETEMBRO DE 2011
Do Imperativo Bioético ao Credo Bioético A expressão Bioética, ao que tudo indica1, foi utilizada pela primeira vez por Fritz Jahr, na Alemanha, em 1927, em artigo publicado na revista Kosmos, intitulado “Bioética: uma revisão do relacionamento ético dos humanos em relação aos animais e plantas” (título em alemão, no original). Jahr ampliou o conceito do imperativo Kantiano e propôs o Imperativo Bioético (respeite todo ser vivo, como princípio e fim em si mesmo e trate-o, se possível enquanto tal); o conceito de Jahr inclui, além do ser humano, todas as formas de vida. Contudo, a expressão Bioética ganhou certificado de nascimento e vem se desenvolvendo a partir das publicações iniciais de Van Rensselaer Potter (“Bioethics, Science of Survival”, 1970 e “Bioethics: Bridge to the Future”, 1971). Estas duas publicações de Potter marcam, reconhecidamente, o surgimento da Bioética que vem se desenvolvendo e se implantando, com algumas características diversas no mundo todo. Em certos círculos acadêmicos, o conceito de Bioética se limita às questões decorrentes dos avanços da Biomedicina; em outros, embora ainda limitada à biomedicina, inclui, ao lado das questões decorrentes dos avanços, as questões biomédicas do dia a dia. Em outros círculos, a Bioética tem campo de abrangência maior, não se limitando apenas à área da saúde, mas englobando também às questões da ciência da vida e do meio ambiente; conceito ligado à visão potteriana. Nasceu a Bioética como um neologismo (basta lembrar que no clássico dicionário da língua portuguesa, Dicionário Aurélio, a expressão não figurava na edição de 1986), sem corpo de doutrina pronto e acabado. Vale lembrar que este fato, a nosso ver, contribuiu para o surgimento, já em 1978, dos chamados princípios da Bioética. Na realidade, o relatório Belmont, do qual foram extraídos tais princípios, referia-se exclusivamente aos “princípios que deveriam nortear a pesquisa médica em seres humanos”; pelo vácuo foram “aspirados” para a Bioética. Tanto isso é verdade que tais princípios (três deles, a não-maleficência, a beneficência e a justiça – vinham da época da Grécia Clássica – e a autonomia desde o fim da Idade Média), embora importantes para a reflexão bioética, tem-se mostrado, a nosso ver, como insuficientes para a reflexão bioética, no sentido de Potter. Além disso, o “principialismo” (na realidade deontologia) traz uma ideia de fundamentalismo ideológico, consciente ou não. Daí nossa proposta de considerar tais “Princípios”, como Referenciais, ao lado de outros referenciais (prudência, vulnerabilidade, equidade, alteridade, altruísmo, responsabilidade, solidariedade)2. A Bioética nasceu, sim, como neologismo, mas um neologismo carregado de profundo significado como se pode constatar pela leitura do “Credo Bioético”, de Potter3 que é aqui traduzido e publicado, como homenagem a seu autor. Nesta oportunidade manifestamos nossos agradecimentos aos colaboradores desta edição, pelas importantes reflexões em direção ao avanço da causa bioética. 1. Sass HM. Fritz Jahr’s 1927 – concept of Bioethics. Kennedy Inst Ethics J. 2008;17(4):279-95. 2. Hossne WS. Princípios e referenciais. Mundo Saúde. 2006;30(4):673-6. 3. Potter VR. Bioethics for whom? Annals New York Academy Sciences. 1972;196(4):200-5.
From the Bioethical Imperative to the Bioethical Creed The expression Bioethics, according to all indications1 has been used for the first time by Fritz Jahr, in Germany, in the year 1927, in an article published in the Kosmos journal titled “Bioethics: a review of the ethical relation of men with the animals and plants” (title in German in the original). Jahr has extended Kant’ imperative and proposed the Bioethical Imperative (respect all and every living beings, as a principle and an end in themselves and treat them well, if it is possible, as such); Jahr’s concept includes, in addition to human beings, all life forms. Nevertheless, the expression Bioethics has won birth rights and began to develop from the initial publications of Van Rensselaer Potter (“Bioethics, Science of Survival”, 1970, and “Bioethics: Bridge to the Future”, 1971). These two Potter publications certainly mark the emergence of Bioethics, which is always developing and consolidating itself, with some different characteristics, in the entire world. In certain academic circles, the concept of Bioethics is restricted to questions coming from the advances of Biomedicine; in others, although still restricted to biomedicine, it includes, in addition to the questions coming from the advances, biomedical questions of daily life. It is worth remembering that this fact, in our opinion, has contributed to the appearance, already in 1978, of the so-called Principles of Bioethics. In other circles, Bioethics is a broader field and goes beyond the health field, including also the questions of the life sciences and the environment a concept tied to the Potterian perspective. Bioethics has been born as a neologism (it is enough to remember that, in the classic Dictionary Aurélio, in Brazil, the expression only appeared after the 1986 edition), without a ready and finished doctrine body. In fact, the Belmont Report, from which these principles come, referred exclusively to the “principles that should guide medical research in human beings”, and Bioethics entered in a vacuum and absorbed them. This is so true that these principles (three of them, non-maleficence, charity and justice, come from the epoch of Classic Greece, and autonomy, from the end of the Middle Ages), although important for bioethical reflection, revealed to be, in our opinion, insufficient for the reflection in Potter’s sense. Also, “principialism” (in fact, deontology) brings an idea of ideological fundamentalism, be it conscious or not. Hence our proposal to consider these Principles as Ground Principles, or Referentials, together with other referentials (prudence, vulnerability, equity, altruism, responsibility, solidarity)2. Bioethics has been born, in fact, as a neologism, but a neologism loaded with deep meaning, as is possible to state after reading the “Bioethical Creed”, of Potter’s3, that is translated and published here as a homage to its author. In this opportunity, we thank the collaborators of this issue for the important reflections towards the advance of the bioethical cause. 1. Sass HM. Fritz Jahr’s 1927 – concept of Bioethics. Kennedy Inst Ethics J. 2008;17(4):279-95. 2. Hossne WS. Princípios e referenciais. Mundo Saúde. 2006;30(4):673-6. 3. Potter VR. Bioethics for whom? Annals New York Academy Sciences. 1972;196(4):200-5.
Ensaios em Bioética e Ética 1927-1947
Essays in Bioethics and Ethics 1927-1947
Autores:
Fritz Jahr
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Resumo:
RESUMO: A presente produção congrega coletânea de ensaios escritos por Fritz Jahr sobre a Bioética e a Ética, no período de 1927 a 1947, seguido de um texto Pós-escrito por Hans-Martin Sass. Fritz Jahr (1895-1953), foi pastor protestante, teólogo, filósofo e educador alemão nascido em Halle an der Saale. O conceito de Bioética, sugerido por Jahr, tem um sentido mais ampliado da relação moral entre o ser humano e os demais seres vivos, humanos e não-humanos. Desenvolvido como “imperativo bioético”, em substituição ao imperativo categórico formal de Kant, Jahr apontou a uma ética que diz respeito aos animais de experimentação, a necessária deliberação quanto às intenções da pesquisa científica e aos diversos aspectos sobre a difusão da ciência entre a população em geral, para torná-la participante.
PALABRAS-CHAVE: Bioética. Ética. Bioética - história.
ABSTRACT: This production brings a collection of essays on Bioethics and Ethics, written by Fritz Jahr, in the period 1927 to 1947, followed by a post-text written by Hans-Martin Sass. Fritz Jahr was a protestant pastor, theologian, philosopher, and educator born in Halle an der Saale, Germany. The concept suggested by Jahr has a wider sense of moral relationship between humans and other living beings, human and nonhuman. Developed as “bioethical imperative” replacing the “formal imperative” of Kant, Jahr pointed to an ethics concerning the experimental animals, a necessary deliberation as to the intentions of the various aspects of scientific research and the diffusion of science among the general population, order to make participant.
KEYWORDS: Bioethics. Ethics. Bioethics - history.
RESUMEN: Esta producción reúne una colección de ensayos de Fritz Jahr sobre la Bioética y la Ética, en el período de 1927 a 1947, seguido por un texto posdata de Hans-Martin Sass. Fritz Jahr (1895-1953) fue un pastor protestante, teólogo, filósofo y educador alemán nacido en Halle an der Saale. El concepto sugerido por Jahr presenta una acepción más amplia de relación moral entre el ser humano y el resto de los seres vivos, humanos y no humanos. Desarrollado como un “imperativo bioético”, en substitución del “imperativo formal” de Kant, Jahr apuntó a una ética sobre los animales de experimentación, una necesaria deliberación en cuanto a las intenciones de la investigación científica y a aspectos diversos sobre la difusión de la ciencia entre la población general, a fin de hacerla partícipe.
PALABRAS-LLAVE: Bioética. Ética. Bioética - historia.
A Terra é um ser vivo: devemos tratá-la como tal!
The Earth is a living being: we have to treat her as such!
Autores:
Hans-Martin Sass
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Resumo:
RESUMO: A Terra não é somente um pedaço de rocha, de água e de solo, mas um ser vivo. Este fato é demonstrado pelos milênios de história de sua vida, crescendo em idades, mostrando irritações, alterações de humor e estações, permitindo todas as formas de vida em sua superfície e interagindo com elas e com as interações entre elas. Recentes desastres naturais e acidentes, causados por seres humanos em seu impulso de cultivar e de controlar, trouxeram outra vez à nossa atenção os poderes da terra e do solo. Uma dimensão nova nas visões e virtudes do cultivo precisa alcançar em escala global a virtude e princípio hipocráticos de “não maleficência” da interação singular médico-paciente para todas as formas de vida, incluindo a vida da terra. Este artigo interpreta o imperativo bioético, desenvolvido por Fritz Jahr em 1927, numa ética da terra e do solo e discute o conceito de geografia cultural de Ernst Kapp (1845, Alemanha) e de ética da terra de Aldo Leopold (1949, EUA). De particular interesse moral e cultural novo é o risco da radiação para a herança genética de todas as formas de vida, todos biótopos vivíveis e ambientes interativos. O Imperativo Bioético inclui a Ética da Terra e do Solo: – Respeitar a mãe terra com todas as suas formas de vida, naturais ou sintéticas, basicamente como fins em si e tratá-los, se possível, como tal.
PALAVRAS-CHAVE: Bioética. Natureza. Terra (Planeta).
ABSTRACT: The Earth is not just a piece of rock, water and soil; she is a living being. This fact is demonstrated by millennia of her life‘s history, growing in ages, having tempers, moods and seasons, and allowing all forms of life living on her and interacting with them and their interactions. Recent natural disasters and accidents, caused by humans in their drive to cultivate and to control, have again brought the powers of the earth and the land to our attention. A new dimension in the visions and virtues of cultivation needs to extend on a global scale the Hippocratic “do no harm” virtue and principle from the singular doctor-patient interaction towards all forms of life, including the life of the earth. This paper interprets the Bioethical Imperative, developed by Fritz Jahr in 1927, into land ethics and earth ethics; it also discusses the concept of cultural geography of Ernst Kapp, 1845 in Germany, and the land ethics of Aldo Leopold, 1949 in the USA. Of particular new moral and cultural concern is the risk of radiation to the genetic heritage of all forms of life, to livable biotopes and interactive environments. The Bioethical Imperative includes Land Ethics and the Earth: – Respect Mother Earth with all her forms of life, whether natural or man-made, basically as goals in themselves and treat them, if possible, as such.
KEYWORDS: Bioethics. Nature. Earth (Planet).
RESUMEN: La Tierra no es apenas un pedazo de roca, de agua y de suelo; ella es un ser vivo. Este hecho se demuestra por milenios de la historia de su vida, creciendo en edades, teniendo genios, humores y estaciones, y permitiendo todas las formas de vida en su superficie e interactuando con ellos y sus interacciones. Los desastres naturales recientes y los accidentes, causados por los seres humanos en su impulsión para cultivar y para controlar, han llamado otra vez a nuestra atención las energías de la tierra y del suelo. Una nueva dimensión en las visiones y las virtudes del cultivo en una escala global necesita alcanzar la virtud y principio hipocráticos en la interacción singular doctor-paciente para todas las formas de vida, incluyendo la vida de la tierra. Este artículo interpreta el imperativo bioético, desarrollado por Fritz Jahr en 1927, en las éticas de la tierra y del suelo; también discute el concepto de geografía cultural de Ernst Kapp, 1845 en Alemania, y la ética de la tierra de Aldo Leopold, 1949, en los E.E.U.U. Una nueva preocupación moral y cultural particular viene del riesgo de la radiación a la herencia genética de todas las formas de vida, a los biotopos habitables y a los ambientes interactivos. El Imperativo Bioético incluye las éticas de la tierra y del suelo: – Respetar Madre Tierra con todas sus formas de vida, ya sea natural o artificial, básicamente como metas en sí mismos y tratarlas, si es posible, como tal.
PALABRAS-LLAVE: Bioética. Naturaleza. Tierra (Planeta).
Envelhecimento: um desafio para o século XXI
Being Old: a challenge for the 21st century
Autores:
George J. Agich
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Resumo:
RESUMO: Neste artigo, argumentamos que a Bioética tem contribuído pouco para resolver os profundos problemas éticos, sociais e políticos associados ao envelhecimento. Primeiramente, apresentamos evidências de que a Bioética tem apenas minimamente abordado o envelhecimento e as muitas questões que surgem com ele. Quando a Bioética aborda o envelhecimento, tende a fazê-lo a partir de um conjunto de pressupostos bastante convencionais associado ao conceito do tempo normal de vida humana. Em segundo lugar, argumentamos que alguns dos pressupostos fundamentais associados a entendimentos convencionais do ciclo de vida restringem, se não eliminam, possibilidades criativas para o entendimento do envelhecimento e do ser velho e da relação do ser velho na sociedade em geral. Como resultado, os desafios que o envelhecimento traz são apenas superficialmente abordados dentro dos significados tacitamente aceitos da vida humana. Em terceiro lugar, argumentamos que a questão central para os muitos problemas éticos, econômicos, políticos e sociais que o envelhecimento traz é a realidade da extensão da vida e o surgimento de novas formas de ser velho, que desafiam profundamente a compreensão padrão da vida humana. Se a Bioética deve ser relevante para esses problemas, então ela deve abraçar uma compreensão mais ampla do que significa para os seres humanos envelhecer e ser velho.
PALAVRAS-CHAVE: Envelhecimento. Bioética. Fases do Cilco de Vida.
ABSTRACT: In this paper, we argue that bioethics has contributed little to addressing the deep ethical, social, and political problems associated with aging. We first offer evidence that bioethics has only minimally addressed aging and the many issues that it poses. When bioethics has addressed aging, it has tended to do so from a rather conventional set of assumptions associated with the concept of the normal human life span. Second, we argue that some of the key assumptions associated with conventional understandings of the life span restrict, if not eliminate, creative possibilities for aging and being old and the relationship of being old to society in general. As a result, the challenges that aging poses are only superficially addressed within the tacitly accepted meanings of the human life span. Third, we argue that central to the many ethical, economic, political, and social problems that aging poses is the reality of life extension and the emergence of new ways of being old that deeply challenge the standard understanding of the human life span. If bioethics is to be relevant to these problems, then it must embrace a more nuanced understanding of what it means for humans to age and to be old.
KEYWORDS: Aging. Bioethics. Life Cycle Stages.
RESUMEN: En este artículo, sostenemos que la bioética ha contribuido poco para ayudar a decidir a cerca los problemas éticos, sociales y políticos más profundos asociados al envejecimiento. En primer lugar, ofrecemos evidencias que la bioética ha abordado muy mínimamente el envejecimiento y las muchas cuestiones que se ligan a él. Cuando la bioética sí acerca al envejecimiento, ella tiende a hacerlo a partir de un sistema de principios convencionales asociados al concepto del tiempo normal estimado de una vida humana. En segundo lugar, sostenemos que algunas de las estimaciones básicas asociadas a los acuerdos convencionales a cerca el ciclo vital restringen, si no eliminan, las posibilidades creativas de la comprensión del envejecimiento y de ser viejo así bien la relación del ser viejo en la sociedad en general. Consecuentemente, los desafíos que el envejecimiento trae se enfocan solo superficialmente dentro de los significados tácitos aceptados de la vida humana. En tercer lugar, sostenemos que la cuestión central para los muchos problemas éticos, económicos, sociales y políticos que el envejecimiento trae es la realidad de la extensión de la vida y del brote de nuevas formas de ser viejo que desafían profundamente la comprensión estándar de la vida de los seres humanos. Si la bioética tiene que tener cierta importancia en lo que concierne a estos problemas, ella debe desarrollar una comprensión más amplia y más profunda de lo que significa que los seres humanos envejezcan y sean viejos.
PALABRAS-LLAVE: Envejecimento. Bioética. Etapas del Ciclo de Vida.
Declaración Internacional de Rijeka (2011) sobre el Futuro de la Bioética
The International Declaration of Rijeka (2011) on the Future of Bioethics
Autores:
Ricardo Andrés Roa-Castellanos
Cornelia Bauer
Andrée de Chalem
Clara Rey
Aline Dornelles Madrid
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Resumo:
RESUMEN: La Declaración de Rijeka sobre el futuro de la Bioética fue firmada en Marzo 12 de 2011; el mismo día en que ocurría el desastre de Fukushima en un insensible mundo lleno de tecnología. Dentro de los puntos de la Declaración se sugiere una ampliación metodológica basada en en los elementos que Fritz Jahr planteo desde 1927. La conferencia Eurobio-N-Ética celebrada en Croacia acordó una unión basada en el respeto a las perspectivas plurales, el reconocimeinto de la sabiduría supraetnica, e incluso, el conocimiento no-academico para bien de la Vida. No en vano es San Francisco de Asis el primer icono bioético mencionado por Jahr en la historia. A lo largo de este documento se presentan las traducciones a los idiomas contemporaneos más comunes del hemisferio occidental.
PALABRAS-LLAVE: Bioética. Bioética - historia. Declaración de Rijeka.
ABSTRACT: Rijeka Declaration on the Future of Bioethics was signed by March 12th, 2011; the same day Fukushima Disaster was occurring in an insensitive but quite technological world. Declaration’s points suggest a widening methodology based on elements Fritz Jahr started to propose by 1927. The Conference Eurobio-N-Ethics held in Croatia agreed a bond based on respect of plural perspectives, value recognition of supraethnic wisdom and, even, non-academic knowledge for the sake of Life. Not for granted Saint Francis of Assisi is the first bioethical icon mentioned by Jahr in history. Translations to the most common languages along contemporary western culture are presented through this paper.
KEYWORDS: Bioethics. Bioethics - history. Rijeka Declaration.
RESUMO: A Declaração de Rijeka sobre o futuro da Bioética foi assinada em 12 de março de 2011, o mesmo dia em que ocorria o desastre de Fukushima num insensível mundo repleto de tecnologia. Sugere-se, nas afirmações da Declaração, uma ampliação metodológica baseada nos elementos que Fritz Jahr formulou a partir de 1927. A Conferência Eurobio-N-Ética realizada na Croácia estabeleceu como acordo uma união baseada no respeito às perspectivas plurais, no reconhecimento da sabedoria supraétnica, assim como no próprio conhecimento não-acadêmico para o bem da Vida. Não é em vão que São Francisco de Assis o primeiro ícone bioético mencionado por Jahr na história. Apresentam-se ao longo desse documento as traduções para os idiomas contemporâneos mais comuns do hemisfério ocidental.
PALAVRAS-CHAVE: Bioética. Bioética - história. Declaração de Rijeka.
Uma breve genealogia da bioética em companhia de Van Rensselaer Potter
A brief genealogy of bioethics in the company of Van Rensselaer Potter
Autores:
Fermin Roland Schramm
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Resumo:
RESUMO: O artigo objetiva mostrar a atualidade do caminho traçado pelas intuições iniciais de Van Rensselaer Potter acerca da necessidade de ultrapassar as antigas dicotomias disciplinares – a começar por aquela entre as duas culturas representadas pelas ciências e as humanidades – para poder alcançar uma ciência da sobrevivência, representada pela Bioética. Para tanto, propõe-se uma breve genealogia da Bioética a partir da etapa inicial, representada pela imagem “ponte” a ser estabelecida entre as duas culturas até chegar à problemática atual da inter-relação e da globalização dos problemas, inclusive de tipo moral. De fato, muitas das indicações iniciais do autor serão elaboradas posteriormente, apesar de uma inicial convergência da maioria dos bioeticistas sobre o modelo padrão representado pelo principialismo. Dentre tais intuições, destacam-se a preocupação com a interdisciplinaridade, considerada necessária para poder estabelecer um diálogo constante entre o campo das ciências da vida (amplamente entendidas) e as ciências humanas (a começar pela filosofia moral), e a indicação da complexidade do novo campo de saber, em contínua transformação graças à incorporação de novos territórios, como aqueles do trato com animais e o ambiente, mas também aquele representado pelas interfaces entre o uso e abuso de novas tecnologias, e as novas formas assumidas pela moralidade na contemporaneidade.
PALAVRAS-CHAVE: Bioética - história. Ética. Moral.
ABSTRACT: The aim of this article is to show how much beyond his own time was the way traced by the initial intuitions of Van Rensselaer Potter concerning the necessity to go beyond the old disciplinary dichotomies – starting with that relating two cultures represented by the sciences and the humanities – to be able to reach a science of survival represented by Bioethics. For doing this, a brief genealogy of Bioethics since its initial stage is presented, as characterized by the image of bioethics as a “bridge” to be established between these two cultures until arriving at the current set of problems linked to the interrelationship among problems and their globalization, including some moral questions. As a matter of fact, many of the first suggestions of the author would be elaborated later, although there was an initial convergence of most bioethicists on the standard model represented by principlism. Amongst such intuitions, there is a deep emphasis on concern about interdisciplinarity, considered necessary for professionals to be able to establish a constant dialogue between the fields of life sciences (in a broader understanding) and the human sciences (first of all moral philosophy), and the indication of the complexity of the new field of knowledge, in a permanent transformation thanks to the incorporation of new territories, as those of humans relationships with animals and the environment, but also that represented by the interfaces between the use and abuse of new technologies, and the new forms assumed by morality in the contemporary world.
KEYWORDS: Bioethics - history. Ethics. Morale.
RESUMEN: Este artículo intenta demostrar cuánto más allá de su propio tiempo estaban las intuiciones iniciales de Van Rensselaer Potter referentes a la necesidad de ir más allá de las viejas dicotomías disciplinarias – comenzando con la relación entre dos culturas representadas por las ciencias y las humanidades – como para alcanzar una ciencia de la supervivencia representada por la bioética. Como para hacerlo, se presenta una breve genealogía de la bioética desde su etapa inicial, según lo caracterizado por la imagen de la bioética como “puente” que se establecerá entre estas dos culturas hasta que llegue al sistema actual de la problemática vinculada a la correlación entre los problemas y su globalización, incluyendo algunas cuestiones morales. De hecho, muchas de las primeras sugerencias del autor serían elaboradas más adelante, aunque hubiera una convergencia inicial de la mayoría de los bioeticistas en el modelo estándar representado por el principialismo. Entre tales intuiciones, hay un énfasis profundo en la preocupación por el carácter interdisciplinario, considerado necesario para que los profesionales establezcan un diálogo constante entre los campos de las ciencias de la vida (en una comprensión más amplia) y el de las ciencias humanas (en primer lugar, la filosofía moral), y la indicación de la complejidad del nuevo campo del conocimiento, gracias a una transformación permanente y a la incorporación de nuevos territorios, como los de las relaciones de los seres humanos con los animales y el medio ambiente, pero también la representada por los interfaces entre el uso y el abuso de las nuevas tecnologías, y las nuevas formas de moralidad en el mundo contemporáneo.
PALABRAS-LLAVE: Bioética - história. Ética. Moral.
Cuidados Paliativos em pacientes fora de possibilidade terapêutica: um desafio para profissionais de saúde e cuidadores
Palliative Care for patients out of therapeutic possibility: a challenge for health professionals and caregivers
Autores:
Magaly Bushatsky
Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho
Luciane Soares Lima
José Henrique de Faria
Tânia Maria Baibich-Faria
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Resumo:
RESUMO: Objetivando verificar a maneira pela qual profissionais de saúde e cuidadores de crianças/adolescentes com câncer, fora de possibilidade terapêutica, enfrentam situações de inevitabilidade do óbito e exercem cuidados paliativos, foi realizada, em centro de referência, revisão teórico-metodológica de análise de conteúdo, pela técnica de Bardin, do discurso de 5 cuidadores e 25 profissionais de saúde. Foram identificadas questões relacionais, que levaram a reflexões e permitiram a construção de categorias de análise relativas a dor e sofrimento; angústia e indignação; impotência e/ou narcisismo; e defesas. Tanto profissionais da saúde quanto cuidadores expressaram aspectos significativos relacionados ao campo dos cuidados paliativos junto a pacientes fora de possibilidade terapêutica. Em relação aos profissionais de saúde, foram destacadas as categorias impotência / narcisismo, enquanto que cuidadores verbalizaram idealização dos profissionais, gratidão do mínimo oferecido, diversas orfandades e resignação sobre a real gravidade da doença, suas consequências e os cuidados a serem prestados. Concluiu-se que ambos os atores necessitam mais atenção no que se refere a uma preparação / formação mais adequada e aprofundada para prestar cuidados paliativos com menor prejuízo pessoal.
PALAVRAS-CHAVE: Cuidados Paliativos. Profissional de Saúde. Cuidadores.
ABSTRACT: Aiming to ascertain the manner in which health professionals and caregivers of children/adolescents with cancer, without any possibility of treatment, face the situations of inevitability of death and exert palliative care, a theoretical and methodological operation was conducted at a referral center, with content analysis of the discourse of five caregivers and 25 health professionals, using Bardin’s technique. Relational factors were identified, which led to provocations and constitutive components, with which the categories of analysis were built related to pain and suffering, anguish and indignation, helplessness and/or narcissism and defenses. Health professionals expressed helplessness and effects about their narcissism, while caregivers verbalized idealization of professionals, gratitude to the minimum offered, many orphaned and resignation about the real severity of the disease, its consequences and the care to be provided. It was concluded that both actors need greater attention to pay palliative care with less personal prejudice.
KEYWORDS: Hospice Care. Personnel Health. Caregivers.
RESUMEN: Objetivando determinar la forma que profesionales de salud y cuidadores de niños/adolescentes con cáncer, sin posibilidad terapéutica, enfrentan situaciones de inevitabilidad de muerte y ejercen cuidados paliativos, se llevó a cabo, en centro de referencia, operación teórico-metodológica de análisis de contenido, por la técnica de Bardin, del discurso de cinco cuidadores y 25 profesionales de salud. Fueron identificados elementos relacionales, que llevaran a provocaciones de reflexión y a componentes constitutivos, con los cuales fueron construidas categorías de análisis para dolor y sufrimiento, angustia y indignación, impotencia y/o narcisismo y defensas. Profesionales de la salud han expresado su impotencia y efectos en su narcisismo, mientras que cuidadores verbalizaran idealización de los profesionales, gratitud al mínimo ofertado, muchas huerfanidades y resignación sobre la real gravedad de la enfermedad, sus consecuencias y cuidados a serán prestados. Se concluye que ambos los actores necesitan mayor atención para prestar cuidados paliativos con menos lesiones personales.
PALABRAS-LLAVE: Cuidados Paliativos. Personal de Salud. Cuidadores.
Aspectos bioéticos ligados ao diagnóstico e tratamento da obesidade realizado por nutricionista
On bioethical aspects of diagnosis and treatment of obesity carried through by nutritionist
Autores:
Liliana Paula Bricarello
Adriana Garcia Peloggia de Castro
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RESUMO: É crescente a preocupação com a obesidade em nível mundial, considerando-se que 250 milhões de pessoas no mundo são consideradas obesas, o que caracteriza a obesidade como epidemia. Na relação paciente-nutricionista, se torna fundamental refletir sobre os aspectos ligados ao campo da comunicação verbal e não verbal, assim como ao da bioética, com destaque para a questão da humanização, tanto no processo diagnóstico quanto no do tratamento, como forma a garantir a adesão do paciente a tal tratamento. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que tem como referencial literatura específica levantada em bases de dados, nos idiomas inglês, espanhol e português. Destaca-se que a avaliação nutricional exige a observância de alguns critérios que permitam o envolvimento do paciente ao programa de educação alimentar. Entre eles salientamos: o estabelecimento do vínculo paciente-nutricionista como base a ajudar esse paciente no processo de conscientização de suas ‘forças internas’, de sua independência e de sua capacidade de superar até mesmo crenças/mitos sobre a alimentação e para adotar novo estilo de vida. Considerando que os pilares da Bioética pressupõem fazer prevalecer o bem (beneficência) e não o mal (não maleficência), admitir a liberdade na diversidade e na diferença (autonomia) e respeitar parâmetros de igualdade, equidade e justiça, estimular o debate de questões bioéticas representa uma importante ferramenta para o aprimoramento e qualidade da relação paciente-nutricionista. Nesse contexto, propõe-se que a adoção de práticas fundamentadas em uma visão interdisciplinar e na humanização no atendimento tem como fundamento a ética, a cidadania e a dignidade humana como valores indissociáveis.
PALAVRAS-CHAVE: Bioética. Obesidade. Avaliação Nutricional.
ABSTRACT: The concern with obesity in the whole world is increasing, considering that 250 million people in the world are considered obese, what characterizes the obesity as epidemic. In the patient-nutritionist relationship it is becoming vital to reflect on aspects of the fields of verbal and non-verbal communication, as well as that of bioethics, with a prominence to the question of humanization, as much in the diagnostic process as in the one of treatment, as it may be a way to guarantee the adhesion of the patient to such treatment. This paper is a bibliographical research that has as referential specific literature in databases, in the English, Spanish and Portuguese languages. It is emphasized that nutritional evaluation demands the observance of some criteria that allow the involvement of the patient with the program of alimentary education. Between them we point out: the establishment of the patient-nutritionist bond as the base to help these patients in the process of awareness of their “internal forces”, their independence and capacity to surpass even beliefs systems/myths on feeding and for adopting a new life style. Considering that pillars of Bioethics suppose to make the good to predominate (beneficence) but not the bad (non maleficence), to admit freedom in diversity and the difference (autonomy) and to respect parameters of equality, equity and justice, to stimulate the debate of Bioethics questions is an important tool for the improvement and quality of the patient-nutritionist relationship. In this context, it is considered that the adoption of practices based on an interdisciplinary point of view and the humanization in assistance having as ground principles ethics, citizenship and the dignity of human beings as inseparable values.
KEYWORDS: Bioethics. Obesity. Nutrition Assessment.
RESUMEN: La preocupación con la obesidad en el mundo entero aumenta a cada día, considerando que 250 millones de personas en el mundo se caracterizan como obesas, lo qué hace de la obesidad una epidemia. En la relación paciente-nutricionista está llegando a ser vital reflejar a cerca los aspectos de los campos de la comunicación verbal y no verbal, así bien que de la bioética, con la prominencia de la cuestión de la humanización, tanto en el proceso de diagnóstico como en el del tratamiento, vez que puede ser una manera de garantizar la adherencia del paciente a tal tratamiento. Este artículo es una investigación bibliográfica de literatura específica que tiene como referencia bases de datos en los idiomas inglés, español y portugués. Se acentúa que la evaluación alimenticia exige la observancia de algunos criterios que permitan la implicación del paciente con el programa de educación alimentaria. Entre ellos precisamos: el establecimiento del enlace paciente-nutricionista como la base para ayudar a estos pacientes en curso de conocimiento de sus “fuerzas internas”, su independencia y capacidad de sobrepasar incluso sistemas de creencia /mitos a cerca la alimentación y de adoptar un nuevo estilo de vida. La consideración de que los pilares de la bioética suponen hacer el bien predominar (beneficencia) pero no el malo (no maleficencia), admitir la libertad en la diversidad y la diferencia (autonomía) y respetar parámetros de igualdad, de equidad y de justicia, estimular el discusión de las cuestiones de la bioética es una herramienta importante para la mejoría y la calidad de la relación paciente-nutricionista. En este contexto, se considera que la adopción de prácticas basadas en un punto de vista interdisciplinario y la humanización en la ayuda que tiene como principios la éticas, la ciudadanía y la dignidad de los seres humanos como valores inseparables.
PALABRAS-LLAVE: Bioética. Obesidad. Evaluación Nutricional.
Saúde Mental e Morte: subsídios para implantação dos Cuidados Paliativos na Atenção Básica
Mental Health and Death: subsidies for implantation of Palliative Care in Basic Assistance
Autores:
Denise Stefanoni Combinato
Sueli Terezinha Ferreira Martins
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RESUMO: O objetivo deste trabalho foi, a partir de uma revisão bibliográfica, discutir a relação entre os temas “Saúde Mental” e “Morte”, a fim de analisar possíveis contribuições da Reforma Psiquiátrica vinculada à esfera dos Cuidados Paliativos. A atribuição da loucura como problema social está relacionada com o desenvolvimento do modo de produção capitalista. Não atendendo às exigências impostas pelo capital, o louco é excluído da sociedade e trancado em hospitais psiquiátricos para tratar-se. Da mesma maneira, a morte é incompatível com os princípios capitalistas de acumulações de bens. O moribundo, então, é transferido para o hospital para que sua invalidez, não-produção e inexistência de sentido na riqueza sejam escondidas. Algumas premissas para o cuidado em saúde mental que poderiam ser compartilhadas nos cuidados paliativos são: desinstitucionalização; organização da atenção em rede; atenção psicossocial; interdisciplinaridade e construção da autonomia de usuários e familiares. Nesse sentido, destacam-se alguns desafios, entre eles, a formação profissional.
PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental. Cuidados Paliativos. Atenção Primária à Saúde.
ABSTRACT: The objective of this work was, from a bibliographical survey, to discuss the relationship between the subjects “Mental Health” and “Death”, in order to analyze possible contributions of the Psychiatric Reformation tied with the sphere of Palliative Cares. The characterization of madness as a social problem is related to the development of the capitalist mode of production. Unable to fulfill the requirements imposed by capital, insane persons are excluded from society and locked in psychiatric hospitals in order to be treated. In the same way, death is incompatible with the capitalist principles of accumulation of goods. Dying people are then transferred to the hospital in order to hide their invalidity, non-production and felt inexistence of wealth. Some principles for care in mental health that could be shared in the palliative cares are: deinstitutionalization; organization of assistance in a network; psychosocial assistance; interdisciplinarity and construction of the autonomy of family members and users. In this sense, some challenges are distinguished, between them, professional training.
KEYWORDS: Mental Health. Hospice Care. Primary Health Care.
RESUMEN: El objetivo de este trabajo fue, a partir de un examen bibliográfico, discutir la relación entre los temas “salud mental” y “muerte”, como para analizar contribuciones posibles de la reforma psiquiátrica vinculadas con la esfera de los cuidados paliativos. La caracterización de la locura como problema social se relaciona con el desarrollo del modo de producción capitalista. No cumpliendo los requisitos impuestos por el capital, las personas insanas se las excluyen de la sociedad y las aprisionan en hospitales psiquiátricos como para ser tratadas. De la misma manera, la muerte es incompatible con los principios capitalistas de acumulación de mercancías. Entonces transfieren a la gente que se muere al hospital como para ocultar su invalidez, su non-producción y el facto de su privación de bienes. Algunos principios para el cuidado en salud mental que se podrían compartir en los cuidados paliativos son: desinstitucionalización; organización de la asistencia en una red; ayuda sicosocial; carácter interdisciplinario y construcción de la autonomía de los miembros de la familia y los usuarios. En este sentido, algunos desafíos son distinguidos, entre ellos el entrenamiento profesional.
PALABRAS-LLAVE: Salud Mental. Cuidados Paliativos. Atención Primaria de Salud.
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