REVISTA BIOETHIKOS
ABRIL / JUNHO DE 2014
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Editorial:
Bioética e Bibliometria
Aos 44 anos, a Bioética, no sentido potteriano, atinge, de acordo com Fourez1, fase paradigmática e entra na fase pós-paradigmática.
Nascida como neologismo (mas com profundo significado) e, portanto, sem paradigmas bem estabelecidos, rapidamente a Bioética vem se estruturando, atingindo a fase paradigmática, fase de maturidade, reconhecida quando a nova área de conhecimento inicia um processo estruturado de formação de uma comunidade científica ou cultural. O melhor indicador de se
ter atingido tal fase é dado pela institucionalização da pós-graduação na área.
No Brasil, esse indicador se concretiza com a estruturação e instalação do 1o Programa de Pós-Graduação em Bioética, em 2004, no Centro Universitário São Camilo; já se titularam, entre Mestrado e Doutorado, cerca de 150 pós-graduados, criando-se o primeiro núcleo de comunidade especificamente titulada.
Seguiu-se a criação de mais 3 Programas de Pós-Graduação no Brasil (Brasília, Rio de Janeiro e Paraná).
Hoje, não há dúvida de que a Bioética é efetivamente uma área específica do conhecimento. Para alguns, o status de área do conhecimento decorre da abrangência do campo de atuação da Bioética (ética nas ciências da vida, da saúde e do meio ambiente em sentido lato), embora existam núcleos e grupos que adotam visão reducionista, limitando-a à Bioética Clínica (no máximo à ética biomédica).
Contudo, mesmo a concepção por nós adotada, mais abrangente, do campo de atuação da Bioética, não é sufi ciente (embora importante) para caracterizá-la como área específica do conhecimento. Nesse sentido, consideramos como elementos de peso as características de atuação (vale dizer, da concepção de Bioética) e o significado mais profundo do vocábulo.
No que se refere à atuação, a Bioética é, por essência, pluralista, exercida como atividade de juízo crítico, reflexivo, com opção de valor; é ética, em interface entre ciências da vida, da saúde e do meio ambiente.
No que se refere ao significado da Bioética, ela é necessariamente inter e transdisciplinar, implicando a participação conjunta da esfera das tecnociências (sobretudo biológicas e biotecnologia) e a esfera das ciências humanas e sociais.
Reconhecida como área específica do conhecimento e iniciado o processo de formação de uma comunidade interna, a Bioética inicia sua trajetória para a fase pós-paradigmática. De acordo com Fourez1, nessa fase é possível que o desenvolvimento da Bioética seja pautado, sobretudo no que se refere à temática, pela própria comunidade de bioeticistas, passando para 2º plano a demanda dos diversos segmentos da sociedade, de fora da comunidade.
Certamente, a comunidade interna deverá pautar o desenvolvimento e a atuação da Bioética, mas essa comunidade não poderá deixar de ouvir os “sons e ruídos” externos, inclusive porque a Bioética, por definição, é pluralista, crítico-reflexiva, deliberativa e propositiva.
Além do mais, ética implica compromisso social, e o desenvolvimento da Bioética se faz com a participação de todos os protagonistas, vindos de todos os setores da sociedade.
A análise crítica da produção científica, sempre necessária em qualquer área do conhecimento, assume grande relevância no que se refere à Bioética, frente à atual fase de sua evolução. Um dos indicadores a que se pode recorrer, nessa análise, é a bibliometria.
Publicações recentes vêm enfatizando sua importância, considerando-a como área da ciência da informação que pode contribuir para “medir” a ciência (cienciometria).
Dada a multidisciplinaridade da Bioética, como está a produção científi ca em cada uma das disciplinas que a integram? Publica-se mais em que área e onde se publica? Em que base de dados têm sido indexadas? Qual a produção (em termos quantitativos) de cada uma das disciplinas que integram, por exemplo, a área das ciências da saúde? O mesmo vale para a área
das ciências humanas e sociais. Qual a distribuição de frequência relativa das publicações das ciências da saúde e das ciências sociais em base de dados voltada para a área biomédica (PubMed) ou às ciências humanas (Philosopher’s Index)?
Esses e outros índices bibliométricos poderão responder a perguntas de natureza quantitativa e fornecer subsídios para a avaliação qualitativa e temática em cada disciplina.
A bibliometria não tem apenas caráter descritivo – importante, sem dúvida –, mas poderá atuar como agente catalítico qualitativo para análise crítica e, ao mesmo tempo, para estímulo à interdisciplinaridade.
É o que se pretende com projeto de pesquisa delineado no Programa de Pós-Graduação.
Bioethics and Bibliometry
44 years old now, Bioethics, in the Potterian sense, reaches, in accordance with Fourez1, a paradigmatic phase and enters in the post-paradigmatic phase.
When Bioethics was born as a neologism (but with a deep meaning) and, so, without a well established paradigms, quickly it comes when there is structured, reaching the paradigmatic phase, the phase of maturity, recognized when the new knowledge area begins a structured process of creating a scientifi c or cultural community. The best indicator of such a phase had
been reached is given by the institutionalization of the graduation in the area.
In Brazil, this indicator comes true with the structuring and installation of the 1st Graduation Program in Bioethics, in 2004, in São Camilo University Center; nearly 150 have already been given a title, among Master’s degrees and Doctorates, and this creates the fi rst community nucleus of specifi cally titled bioethicists.
There followed the creation of 3 more Graduate Programs in Brazil (Brasília, Rio de Janeiro and Paraná).
Today, there is no doubt that Bioethics is effectively a specifi c area of knowledge. For some, the status of area of knowledge results from the range of the fi eld of work of Bioethics (ethics in the sciences of life, health and the environment in a broad sense), though there are nucleuses and groups that adopt reductionist points of view, limiting it to Clinical Bioethics (at most to
biomedical ethics).
Nevertheless, even the conception adopted by us, much more comprehensive, of the fi eld of work of Bioethics, is not suffi cient (though important) to characterize it as a specifi c area of knowledge. In this sense, we consider as important elements the characteristics of work (it is worth saying, of the conception of Bioethics) and the deepest meaning of the word.
In what concerns the acting, Bioethics is, for extract, pluralist, practiced like activity of critical,
refl exive judgment, with valuable option; it is an ethics, in interface between sciences of the life, of the health and of the environment.
In what concerns the meaning of Bioethics, it is necessarily inter- and transdisciplinary, implicating the joint participation of the sphere of technociences (especially biological and biotechnological) and the sphere of the human and social studies.
Recognized as a specifi c area of knowledge and in the process of creation of an internal community, Bioethics begins its trajectory to the post-paradigmatic phase.
In accordance to Fourez1, in this phase it is possible that the development of Bioethics is ruled, especially as regards the theme, by the community of bioethicists itself, putting aside the demands of several segments of society, from the outside the bioethical community.
Certainly, the internal community will have to rule the development and the work of Bioethics, but this community will not be able to stop hearing the “sounds and noises” coming from outside, among other reasons because Bioethics, by defi nition, is pluralist, refl exive-critical, deliberative and propositive. In addition,ethics implies social commitment, and the development
of Bioethics is done with the participation of all the protagonists, coming from all sectors of society.
The critical analysis of scientifi c production, always necessary in any area of knowledge, is assigned a great relevance as regards Bioethics, before the current phase of its evolution. One of the indicators one may resort to, in this analysis, is bibliometry. Recent publications are emphasizing its importance, considering it an area
Aconselhamento genético: deliberações bioéticas vivenciadas por médicos geneticistas brasileiros
Genetic counseling: bioethical issues experienced by Brazilian clinical geneticists
Autores:
Benjamin Heck
Claudete Hajaj Gonzalez
William Saad Hossne
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Resumo:
Os avanços científicos na área de genética humana têm um impacto direto na prática clínica, com o surgimento de situações que exigem deliberações bioéticas nem sempre fáceis de serem equacionadas. Esse estudo objetiva descrever e identificar os critérios de deliberação e referenciais bioéticos utilizados pelos médicos geneticistas durante o aconselhamento genético. Trinta e dois médicos responderam a questionário padronizado de natureza quantitativa e qualitativa. Os casos clínicos foram selecionados a partir de casos já descritos e comentados na literatura especializada: (1) Quando uma mulher grávida coloca seu feto em perigo, (2) Acolhendo um recém-nascido sindrômico, (3) Esterilizando a criança deficiente mental, (4) Casal surdo escolhe de modo voluntário um filho surdo, e a interpretação da (5) Resolução CFM 1.957/2010 sobre reprodução assistida e, finalmente, (6) a interpretação do artigo A decisão quanto a ter ou não uma criança cabe fundamentalmente à mãe sobre o tema do aborto. Os dados qualitativos foram analisados pelo procedimento de análise de conteúdo. Os principais critérios de deliberação e os referenciais bioéticos identificados foram: a autonomia do paciente e do casal e a postura não diretiva dos médicos. O presente estudo proporciona a abertura ampla de discussão dos especialistas com os pacientes e suas famílias, bem como demais protagonistas da sociedade.
Palavras-chave: Bioética. Aconselhamento Genético. Genética Médica.
Scientific advancements in the area of human genetics have a direct impact in clinical practice, with the emergence of situations that demand biooethical deliberations not always easy for being equated. This study aims to describe and to identify the criteria of deliberation and bioethical referential systems used by geneticist doctors during genetic advising. Thirty two doctors answered to a standardized questionnaire of quantitative and qualitative nature. Clinical cases were selected from cases already described and commented in the specialized literature: (1) When a pregnant woman puts his fetus in danger, (2) Welcoming a symdromic newborn baby, (3) Sterilizing a mental defective child, (4) A deaf couple chooses in a voluntary way to have a deaf son, and the interpretation of (5) Resolution CFM 1.957/2010 on assisted reproduction and, finally, (6) the interpretation of the article “A decision as for having or not a child falls fundamentally to the mother” on the subject of abortion. The qualitative data were analysed by the proceeding of content analysis. The main criteria for deliberation and bioethical referential systems identified were: the autonomy of the patient and that of the couple and the non-directive posture by doctors. The present study provides a broad opening of discussion of specialists with patients and their families, as well as a great many social protagonists.
Keywords: Bioethics. Genetic Counseling. Genetics, Medical.
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A ética teológica e a neuroética: visão crítica e construtiva da ética teológica à luz da neurociência
Theological ethics and neuroethics: critical and constructive vision of theological ethics in the light of the neuroscience
Autores:
Luiz Augusto de Mattos
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Resumo:
A presente reflexão procurou colaborar com a ética teológica no que diz respeito a uma necessidade de ser re-estruturada à luz da neuroética. Há como preocupação de fundo a pertinência e a relevância diante de uma sociedade secularizada, plural e democrática, que caminha a passos largos, a partir de uma mudança sociocultural e tecnocientífica, que leva a profundas mudanças na maneira de conceber a vida e o mundo. A primeira parte do texto buscou explicitar a importância da temática do pensar a ética teológica a partir da neuroética, o que exige entrar no mundo das descobertas da neurociência. Em seguida, apontou-se para o que seria uma ética teológica alicerçada nas conquistas da neurociência. Por último, trabalharam-se os elementos que devem constituir a ética teológica na perspectiva da neuroética. A reflexão apresentada demonstrou um pouco das questões e dos desafios que se colocam para a ética teológica na atualidade, partindo das conquistas da neurociência.
Palavras-chave: Ética. Neurociências. Teologia.
The present reflection tried to collaborate with theological ethics as concerns a necessity of being re-structured in the light of neuroethics. There is as ground preoccupation the relevance and the pertinence of this endeavor before a secularized, plural and democratic society, which is very accelerated in all aspects, due to a social-cultural and techno-scientific change that leads to deep changes in the way of conceiving life and the world. The first part of the text considered theological ethics and set the importance of the theme of thinking bioethics from the perspective of neuroethics, which demands to enter in the world of the discoveries of neuroscience. Next, one pointed to what would be a theological ethics based on the conquests of neuroscience. Lastly, one were worked the elements that must constitute theological ethics in the perspective of neuroethics. The reflection presented demonstrated some elements of the questions and the challenges that are set for theological ethics in the present time, as regarded from the conquests of neuroscience.
Keywords: Ethics. Neurosciences. Theology.
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Preconceito e conhecimento sobre hanseníase: a situação do agente comunitário de saúde
Prejudice and knowledge about leprosy: the situation of communitarian health agents
Autores:
Marcos Mesquita Filho
Cristina Filomena Lazzari Gomes
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Resumo:
O preconceito contra os portadores de hanseníase persiste, ainda hoje, na sociedade. Este estudo objetiva discutir, sob a ótica das situações persistentes e da vulnerabilidade, preconceito e conhecimento sobre hanseníase por Agentes Comunitários de Saúde. Trata-se de um estudo transversal, observacional e analítico, que teve como cenários os territórios da Estratégia de Saúde da Família (ESF) nos municípios de Pouso Alegre e Poços de Caldas. Foram entrevistados 153 sujeitos buscados nas Unidades Básicas de Saúde, sede de cada ESF. Utilizou-se de dois instrumentos para coleta de informações: um para dados sociodemográficos e outro que verificava preconceito, concepções e conhecimento sobre a doença. Realizou-se análise estatística pelo uso dos testes de Mann-Whitney e de Kruskall-Wallis. Por volta de 25% das respostas sobre conhecimento foram incorretas; 5% mostraram preconceito em todas as questões e 15% dos ACS afirmaram que nunca se relacionariam com hansenianos. Agentes comunitários de saúde sem filhos tinham menos preconceito do que os demais (p = 0,019), e os que atuavam entre 12 e 36 meses também eram os menos preconceituosos (p = 0,022). Os resultados obtidos indicaram a existência de preconceito em relação à hanseníase e a desinformação sobre aspectos importantes da doença. O agravo ocorre em população vulnerável e pode ser avaliado como uma situação persistente que não deveria acontecer até os dias de hoje. O desconhecimento e o preconceito contribuem para sua persistência.
Palavras-chave: Bioética. Preconceito. Hanseníase. Saúde Pública. Saúde da Família.
Prejudice against people having leprosy persists even today in society. The aim of this study is to discuss prejudice against and knowledge about leprosy by Communitarian Health Agents under the perspective of vulnerability and persistent situations. A cross-sectional, observational and individual study was developed in the territories where is set the family health strategy in the cities of Pouso Alegre and Poços de Caldas-MG. 153 workers were interviewed in Basic Health Units. Were used two instruments to collect information: one for social and demographic data and another who checked prejudice against, concepts about and knowledge on the disease. Statistical analysis was performed by using Mann-Whitney and Kruskal-Wallis tests. About 25% of responses were incorrect as regards knowledge; 5% showed prejudice in all matters approached, and 15% said they never would relate with people having leprosy. The communitarian health agents without children showed less prejudice than those having children (p = 0.019) and those who had worked from 12 to 36 months as agents showed less prejudice than those working for lesser periods (p = 0.022). The results obtained indicated the presence of prejudice and misinformation about important aspects of the disease. The disease affects mostly the vulnerable population and can be evaluated as a persistent situation that must not continue to happen until the present day. Lack of knowledge and prejudice contribute to its persistence, as the study shows.
Keywords: Bioethics. Prejudice. Leprosy. Public Health. Family Health.
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Algumas notas sobre uma bioética de cunho asiático, a partir da China
Some notes on bioethics from an Asian point of view, regarding specially China
Autores:
Leo Pessini
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Resumo:
O objetivo do presente artigo foi suscitar, ainda que introdutoriamente, algumas reflexões bioéticas a partir do mundo Asiático, especificamente da China continental, com sua cultura, história e tradições multimilenares, que nos chamaram atenção a partir de viagens culturais e participação em quatro Congressos Mundiais de Bioética e leituras a partir de questões socioculturais, políticas e transgressão a direitos humanos naquele país asiático que encerra em si mesmo um continente. Quando se fala da China hoje, pensamos na grandeza geográfica, cultura milenar, com sua fantástica muralha, que em tempos passados a protegia de invasões, país mais populoso do planeta, com mais de 1,3 bilhão de pessoas e passando hoje por um crescimento econômico espantoso, que em breve a colocará como a primeira economia mundial, segundo economistas ocidentais. Para contextualizarmos nossa reflexão e situar o leitor, nosso ponto de partida apresenta alguns aspectos socioculturais, políticos e históricos da China, incluindo Taiwan e o Tibete. Seguimos decodificando em que consiste a chamada “política do filho único” e a condição da mulher, bem como o massacre da Praça Tiananmen, em 1989. Impossível compreender os valores culturais e estilo de vida chineses sem saber algo das religiões chinesas – Confucionismo, Taoísmo e Budismo –, que, para nós ocidentais, soam mais como filosofias de vida do que religião propriamente. Finalmente, nos perguntamos o que podemos aprender desse mundo tão diverso e diferente da nossa cultura ocidental.
Palavras-chave: Bioética. China. Religião. Ásia.
The objective of the present article was to cause, although only an introduction, some bioethical reflections from the Asian world, specifically continental China, with its culture, history and millenary traditions, which attracted attention from us due to cultural travels and participation in four World Congresses of Bioethics and readings about social-cultural questions, policies and transgression of human rights in that Asian country that is in itself a continent. When one talks about China today, we think about the geographical greatness, thousand-year-old culture, with its fantastic wall, which in the old times protected it from invasions, the most populous country of the planet, with more than 1,3 billion persons and suffering today an amazing economical growth, which soon will put in the position of the first world economy, according to Western economists. For contextualizing our reflection and to situate the reader, our starting point presents some social-cultural, political and historical aspects of China, including Taiwan and the Tibet. We keep on decoding in what there consists the so-called “politics of the only child” and the condition of women, as well as the massacre of Tiananmen Square, in 1989. It is impossible to understand Chinese cultural values and way of life without knowing something of the Chinese religions – Confucianism, Taoism and Buddhism – which, for us westerners, sound more like life philosophies than religion properly. Finally, we wonder about what can be learned from this world so diversified and so different from our Western culture.
Keywords: Bioethics. China. Religion. Asia.
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As medidas de quarentena humana na saúde pública: aspectos bioéticos
Human quarantine measures for evaluating public health: bioethical aspects
Autores:
Iris Almeida dos Santos
Wanderson Flor do Nascimento
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Resumo:
A quarentena humana é uma medida de saúde pública destinada a conter surtos epidêmicos ou a evitar que um determinado agente infeccioso atinja um território ou grupo social. As práticas de quarentena humana são: impedir o desembarque de passageiros, colocar em prisão domiciliar os doentes e/ou os familiares de pessoas que manifestem determinado quadro clínico ou a internação hospitalar forçada de doentes. Tais medidas ocorrem desde tempos imemoriais, antes mesmo da descoberta dos micróbios, do ciclo das doenças e dos modos de transmissão de patógenos. No que tange às evidências científicas, há ausência de evidências que as práticas de quarentena influenciem no curso de epidemias, mas há evidências sólidas e consistentes que os indivíduos quarentenados sofrem consideráveis prejuízos morais, legais e financeiros. A quarentena persiste no ordenamento jurídico mundial como manifestação do biopoder e como embrião de um Estado de Exceção. A redução de direitos pela internação compulsória não diferente à de sistemas prisionais, ferindo princípios éticos como a autonomia e liberdade humana, limitados pela autoridade do Estado, o que requer análise bioética sobre a aplicabilidade em tempos atuais.
Palavras-chave: Quarentena. Bioética. Epidemias. Saúde Pública.
Human quarantine is a public health intervention for controlling disease outbreaks or prevent a particular infections from spreading in certain geographic areas. Some strategies for preventing transmission are: preventing people to disembark in airports, impose household stay to patients or families, and forced hospitalization of patients. Such measures occur from time immemorial, even before the discovery of microbes, the cycle of disease and modes of transmission of pathogens. There is no evidence to support the influence of human quarantine practices in the course of epidemics, but there is strong and consistent evidence that quarantined individuals suffer from moral, legal and financial considerable damages. Human quarantine persist worldwide as a form of biopower and a state of exception, implying a potential limitation of rights due to mandatory hospitalization, no different to prison systems, and this violates ethical principles such as autonomy and human freedom.
Keywords: Quarantine. Bioethics. Epidemics. Public Health.
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Desafios bioéticos en la Transgénesis Animal
Bioethical challenges in animal transgenesis
Autores:
Miguel Andrés Capó
James Drane
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Resumo:
El término animal transgénico se refiere a un animal cuyo genoma ha sido deliberadamente modificado, se usa la palabra transgénico como una variante animal originada tras la introducción de un gen, o genes, en su genoma. Algunas personas consideran que esta mezcla de material genético entre especies, o la creación de quimeras, que en ocasiones es parte de la estrategia técnica para la obtención de un animal transgénico, altera el concepto de “especie” y es una intervención antinatural que podría interferir en la concepción de lo que hace que un animal sea tal. En respuesta a estos problemas morales se argumenta que en la ingeniería genética no hay mezcla de genomas, sino que únicamente se transfieren uno o dos genes, una pequeña fracción del genoma de la mayoría de las especies receptoras. Además, no se debe olvidar que muchos genes están conservados entre diferentes especies, por lo que la presencia de determinadas secuencias no parece que sea lo determinante a la hora de definir la esencia de una especie. La ciencia ha cedido su lugar y su prestigio a la técnica que pretende ser esencialmente productiva; el planteamiento ético es su uso. Desde un punto de vista global es importante señalar que la utilización de animales modificados genéticamente, cuyo control es constante, está generando importantes beneficios científicos y sanitarios, y que en el futuro puede producir significativas aplicaciones de interés industrial. Pero se recomienda cautela en esas prácticas.
Palabras clave: Bioética. Animales Modificados Genéticamente. Biotecnología.
The term transgenic animal refers to an animal whose genome has been deliberately modified. The word transgenic is used to describe an animal changed due to the introduction of a gene or genes in its genome. Some people consider this mixing of genetic material between species, or the creation of chimeras, to alter the concept “species”. It may also be seen as an unnatural intervention that could interfere in the conception of what define such an animal. In response to the moral problems derived from this scientific practice, it is argued that in most cases there is not a mixture of these engineered genomes, but only an action of transferring only one or two genes from one to the other. Also, perhaps it may be useful to keep into account that many genes are conserved among different species, so that the presence of certain laboratory sequences do not seem to be the determining factor when it comes to defining the essence of a species. Science has been conceding too much prestige to technique, which essentially seeks to be productive, and an ethical approach is different from productivity. From a global point of view it is important to note that the use of genetically modified animals, whose control is constant, is generating significant scientific and health benefits and that this may in the future produce significant applications of industrial interest. However, caution is recommended in this type of practice.
Keywords: Bioethics. Animals, Genetically Modified. Biotechnology.
O termo animal transgênico refere-se a um animal cujo genoma foi modificado deliberadamente. A palavra transgênico é usada para descrever um animal modificado devido à introdução de um gene ou genes em seu genoma. Algumas pessoas consideram que essa mistura de material genético entre espécies ou a criação de quimeras altera o conceito de “espécie”. Ela também pode ser vista como uma intervenção não natural que pode interferir no conceito do que define o animal envolvido. Em resposta aos problemas morais advindos dessa prática científica, sustenta-se que na maioria dos casos não há uma mistura desses genomas de engenharia genética, mas apenas uma ação de transferir só um ou dois genes de um animal a outro. Também, possivelmente pode ser útil levar em conta que muitos genes se conservam entre espécies diferentes, de modo que a presença de certas sequências de laboratório não parece ser o fator vital da determinação quando está em jogo a definição da essência de uma espécie. A ciência tem concedido demasiado prestígio à técnica, que essencialmente procura ser produtiva, e uma aproximação ética é diferente da produtividade. De um ponto de vista global, é importante observar que o uso de animais geneticamente modificados, cujo controle é constante, está gerando significantes benefícios científicos e para a saúde e que esses desenvolvimentos podem vir no futuro a produzir aplicações relevantes de interesse industrial. Contudo, a prudência é recomendada nesse tipo da prática.
Palavras-chave: Bioética. Animais Geneticamente Modificados. Biotecnologia.
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Perspectiva Bioética do envelhecimento na obra “Em nome da terra”, de Virgílio Ferreira
Bioethical perspective on aging in Virgílio Ferreira’s work “Em nome da terra” [On behalf of the earth]
Autores:
Carlos Manuel Costa Gomes
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Resumo:
A Velhice (envelhecimento) e o fim da vida são “problemas” da sociedade actual. O aumento da expectativa de vida e, consequentemente, o elevado número de idosos, representam grandes desafios para a cultura pós-moderna. Além disso, vivemos um tempo em que se valoriza o culto à beleza e bem-estar, o corpo é, por assim dizer, o engano dessa nova conceção do sujeito. Em “Em nome da terra”, permeia e tematiza a problematização do crepúsculo da vida. A velhice, o fim da vida (morte) e a fé.
Palavras-chave: Bioética. Envelhecimento. Morte.
The aging and the end of life are a “problem” for contemporary society. The increase in life expectancy and hence the high number of old people represent major challenges to postmodern culture. Moreover, we live in a time that promotes the cult of beauty and well-being, and the body is, so to speak, the deception of this new conception of being a subject. “On behalf of the earth” is a work permeated by thematization and problematization of the twilight of life, featuring old age, the end of life (death) and faith.
Keywords: Bioethics. Aging. Death.
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Living in the Ruins of Christendom
Viver nas Ruínas da Cristandade
Autores:
H. Tristram Engelhardt Jr
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Bioética – e agora, o que fazer?
Quem vai para a UTI?
Bioethics – what are we to do now?
Who goes to ICUs?
Autores:
William Saad Hossne
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Diálogos y contrapontos bioéticos: 18 prestigiosos bioeticistas de iberoamérica y Estados Unidos debatem sobre temas chave de la actualidad
Autores:
Leo Pessini
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Guide on the decision-making process regarding medical treatment in end-of-life situations
Autores:
Council of Europe
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