Edição v. 7, n. 4
REVISTA BIOETHIKOS
OUTUBRO / DEZEMBRO DE 2013
Bioética e religião: um diálogo necessário O pluralismo de valores em nossa sociedade é a marca registrada desse nosso tempo denominado “pós-moderno”. A tão sonhada unidade entre povos e culturas não se conquista pela uniformidade forçada, mas pelo aprendizado nada simples de respeitar o diverso e diferente de nós. Diversidade não pode mais significar “adversidade” e, para além da mera tolerância, precisamos aprender a sermos respeitosos e dialogantes com os “diferentes”. Para além daquilo que nos foi legado pela “tradição”, precisamos construir nossas vidas e projetos em cima de “convicções profundas”, sendo capazes de “darmos as razões de nossa esperança”. Nesse contexto, sem mútuos anátemas, a bioética tem de aprofundar o diálogo com a religião e vice-versa, mesmo porque, como diz Mieth, “quem luta pelo bom e correto frequentemente vive em diálogos intermináveis” (p. 13)1. William E. Stempsey, no artigo Religião e Bioética: podemos conversar?, publicado na revista Bioethical Inquiry, ao analisar o processo histórico da “secularização da bioética e a perda da influência da religião”, diz que “O mundo contemporâneo da bioética busca uma língua franca em seu papel como mediadora nas disputas no âmbito do discurso público. Todos sabemos que a religião pode ser fator de divisão e assim ganha sentido a busca da bioética em outro lugar, que não a religião para encontrar mediação. Não que a bioética ignore a religião ou que a diminua, sem dar-lhe importância. Ocorre que ela se voltou para outras fontes, especialmente para a filosofia analítica, à lei e até mesmo para outras disciplinas, como a literatura e a tão falada ‘humanidades médicas’, em suas tentativas de implementar o diálogo” (p. 339)2. Esse autor argumenta que “o discurso público sobre questões bioéticas e políticas públicas perdeu algo de essencial quando ele ignora a dimensão religiosa. (...) A bioética perdeu de vista o fato de que os substitutos para a linguagem religiosa falham em capturar a importância da contribuição da religião para o discurso bioético” (p. 339)2. “Existe a necessidade de se elaborar um papel renovado para os teólogos e pensadores de outras religiões em articular a importância da fé religiosa para o discurso público da bioética” (p. 340)2. A rejeição da reflexão teológica empobrece a bioética, porque as questões centrais da bioética – relacionadas com a morte e o morrer, início de vida, pesquisa com células-tronco embrionárias, abortamento, questões de genética que lidam com a natureza de nós humanos – são essencialmente questões religiosas. As ideias que estão na fundamentação desses tópicos são aquelas pelas quais a religião está fundamentalmente preocupada. Ignorar os milhares de anos desse insight religioso nessas questões seria empobrecer a discussão. O desafio para o futuro da bioética, segundo Stempsey, “é encontrar caminhos para articular os elementos transcendentes de nossa experiência de sofrimento humano e da morte, matéria-prima da bioética, de maneira a torná-la mais compreensível em nossa atual sociedade pluralista. O objetivo deve ser implementar o diálogo e a mútua compreensão. (...) A bioética necessita de um novo influxo de teólogos, e mesmo de pensadores religiosos que podem até rejeitar serem denominados de ‘teólogos’, com novas visões que podem nos ajudar a entender os vários pontos de vista que constituem a experiência pluralista religiosa do século XXI e facilitar o diálogo” (p. 350)2. Para Lipovetski, a inter-relação entre religião e moral é tão clássica que leva esse autor a afirmar que no “princípio da moral estava Deus. Deus é o alfa e o ômega da moral”3. A propósito, é bom lembrar, ainda, que um dos ramos mais importantes da teologia é o da teologia moral. Cabe esclarecer que entendemos como valores morais aqueles consagrados pelos usos e costumes de uma determinada sociedade (podem, pois, variar de uma sociedade a outra e dentro de uma mesma sociedade através do tempo), ao passo que entendemos a ética como reflexão crítica e juízo sobre valores, levando a uma deliberação de opção desses valores. A nosso ver, tal deliberação poderá ser melhor equacionada utilizando a teoria dos referenciais4. À medida que a bioética consolida sua fase paradigmática (emblematicamente atingida, segundo Fourez5, quando se instala a pós-graduação na nova área do conhecimento), outros referenciais podem ser lembrados e considerados. Nota-se, progressivamente, crescente atenção para a relação entre bioética e religião, melhor dizendo, entre bioética e espiritualidade. Com base em fonte de dados (PubMed, Lilacs, Philosopher’s Index), encontramos registradas 2.319 publicações em cujo título consta a expressão “espiritualidade”. Cruzando espiritualidade com ética e bioética, constatamos 35 publicações (1,5% do total). Quando se avalia a associação entre religião e ética ou bioética, encontramos 228 publicações (10%). Julgamos que o diálogo entre bioética e espiritualidade (aí incluída a religiosidade) deve acontecer no sentido de nos indicar a necessidade de avaliar se a espiritualidade deve ser considerada como outro referencial de bioética, enquanto deliberação para opção de valores. Pretendemos voltar à questão. Sem cairmos em fundamentalismos intolerantes, nosso caminhar necessita ser nutrido pelo respeito, diálogo e compreensão pelo diferente, sem abdicar de nossas convicções profundas de valores que nos dão “as razões de nossa esperança”! Enfim, temos que assumir nossa condição de sermos eternos aprendizes!
Bioethics and religion: a necessary dialogue Pluralism of values in our society is the hallmark of the current time called “postmodern”. The long awaited union among peoples and cultures cannot be achieved by forced uniformity, but by the not simple learning of respecting people who are diverse and different from us. Diversity can no longer mean “adversity” and, beyond being merely tolerant, we must learn how to be respectful and be able to dialogue with the “different” people. Beyond what was inherited by us though the “tradition”, we need to construct our lives and projects based on “deep convictions”, to be able to “explain the reasons of our hope”. Within this context, without mutual anathemas, bioethics must deepen the dialogue with religion and vice versa, even because as Mieth says, “the ones who fi ght for the good and the right often live in endless dialogues” (p. 13)1. William E. Stempsey, in the article Religion and Bioethics: Can We Talk? published in the Journal of Bioethical Inquiry, when examining the historical process of “secularization of bioethics and the loss of the influence of religion”, says that “The contemporary world of bioethics searches for a lingua franca in its role as mediator of disputes in public discourse. Everyone knows that religion can be divisive and so it makes sense that bioethics should look elsewhere to find meditation. It is not that bioethics ignores religion altogether or deems it unimportant; it is just that bioethics has turned to other sources, especially to analytic philosophy, law, and even disciplines like literature and the so-called ‘medical humanities’, in its attempts to foster dialogue” (p. 339)2. This author argues that the “public discourse about bioethical issues and policy has lost something essential when it ignores the religion dimension. (...) Bioethics has lost sight of the fact that surrogates for religious language fail to capture the importance of what religion brings to bioethical discourse” (p. 339)2. “I argue for the need for a renewed role for theologians and other religious thinkers in articulating the importance of religious faith for public discourse about bioethics” (p. 340)2. The rejection of theological reflection impoverishes bioethics since bioethics’ core issues – related to death and dying, the beginning of life, researches using embryonic stem cells, abortion, genetic issues that deal with the nature of us humans – are essentially religious issues. The ideas which are the base of these topics are those which religion is fundamentally concerned about. Ignoring the thousands of years of this religious insight in these issues would mean impoverishing the discussion. The challenge of bioethics’ future, according to Stempsey, “is to find ways to articulate the transcendent elements of our experience of human suffering and death, the very stuff of bioethics, in ways that can be understandable in today’s pluralistic society. The goal must be to enable conversation and mutual understanding. (...) What bioethics needs is a new influx of theologians, and even religious thinkers who might reject being characterized as ‘theologians’, with new visions that can help us to understand the various viewpoints that make up the pluralistic religious experience of the twenty-first century and to facilitate the conversation” (p. 350)2. To Lipovetski, the interrelationship between religion and morality is so classic that it even leads the author to state that in the “principle of morality there was God. God is moral’s alpha and omega”3. Moreover, it is important to bear in mind that one of the most important branches of theology is moral theology. It is worthy clarifying that we understand as moral values those established by the habits and customs of a particular society (they might, therefore, vary from one society to another and over time within the same society), whereas we understand ethics as critical reflection and judgment of values , leading to an option deliberation of these values. We believe that such deliberation can be better balanced by using the referential theory 4. As bioethics consolidates its paradigmatic phase (symbolically achieved, according to Fourez5, when a graduate course in the new area of knowledge is established), other references can be remembered and considered. Progressively, it is observed an increasing attention paid to the relationship between bioethics and religion, or rather, between bioethics and spirituality. According to data source (PubMed, Lilacs, Philosopher’s Index), there are 2,319 registered publications presenting the word “spirituality” in the title. When putting spirituality and ethics and bioethics together, there are 35 publications (1.5% of all publications). When analyzing the association between religion and ethics or bioethics, there are 228 publications (10%). We believe that the dialogue between bioethics and spirituality (including religiosity) must happen in order to indicate the need to assess whether spirituality should be considered as another referential of bioethics, while deliberation for option values. We intend to return to this question in the future. Taking care not to be intolerant fundamentalists, our path needs to be nurtured by respect, dialogue and understanding among different things without giving up our deep convictions of values that explain “the reasons of our hope”! Finally, we have to accept our condition of being lifelong learners!
Percepção dos acadêmicos de medicina sobre cuidados paliativos de pacientes oncológicos terminais
Perception of medical students on palliative care of terminal oncologic patients
Autores:
Karla Frizzo
Greice Bertolini
Ruggero Caron
Jovani Antônio Steffani
Elcio Luiz Bonamigo
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Resumo:
Os cuidados paliativos são fundamentais para a qualidade de vida dos portadores de doença sem possibilidade de cura. O objetivo foi analisar o conhecimento e a conduta dos acadêmicos de um curso de graduação em Medicina sobre cuidados paliativos utilizados em pacientes oncológicos que se encontram em fase terminal de vida. Participaram da pesquisa 266 (88,6%) acadêmicos distribuídos nas doze fases do curso. Um questionário composto por questões sociodemográficas e questões objetivas foi aplicado para avaliar se os acadêmicos tinham conhecimento sobre o significado da expressão “cuidados paliativos”, se saberiam identificar os casos em que estariam indicados o tratamento paliativo de suporte sem quimioterapia, se conheciam a diferença entre um tratamento paliativo com quimioterapia e sem quimioterapia, além da escala de performance status. Os termos “cuidados paliativos” eram conhecidos por 73,3% dos entrevistados, e o grau de conhecimento dos termos evoluiu ao longo do curso, passandode 26,9% nas primeiras três fases do curso, para 98,2% nas três últimas fases (p < 0,0001). Contudo, 29,7% demonstraram não estar preparados para lidar com os cuidados terminais e com a morte e com o luto dos familiares, nem mesmo aqueles que estavam no final do curso (30,4%). Em conclusão, a pesquisa mostrou que os acadêmicos adquiriram progressivamente conhecimentos sobre o significado dos termos “cuidados paliativos”ao longo do curso. No entanto, mesmo cursando as últimas fases, parte dos acadêmicos informou desconhecer as indicações dos cuidados paliativos e sentir-se despreparada para lidar com a morte do paciente e luto dos familiares.
PALAVRAS-CHAVE: Cuidados Paliativos. Doente Terminal. Educação de Graduação em Medicina.
Palliative care is essential for the quality of life of patients with disease without possibility of cure. The objective of this study was to analyze the knowledge and behavior of students from a Medicine undergraduate course regarding palliative care used in oncologic patients in the terminal phase of life. 266 (88.6%) students distributed in the twelve stages of the course were part of the research. A questionnaire consisting of socio-demographic and objective questions was applied. It evaluated whether the students knew the meaning of the term “palliative care”, if they were able to identify cases in which the palliative care without chemotherapy would be the indicated treatment, if they knew the difference between a palliative care with or without chemotherapy, and if they knew the scale of performance status. The term “palliative care” was known by 73.3% of respondents and the level of knowledge rose from 26.9%, in the fi rst three stages of the course, to 98.2% in the three last stages (p < 0.0001). However, 29.7% of the students showed not to be prepared to deal with terminal care and death of oncologic patients, as well as with the grieving period of the family. Not even those who were at the end of the course (30.4%) were prepared. In conclusion, this study showed that the studied students of the Medicine school progressively gained knowledge regarding the meaning of the term “palliative care” during the course. However, part of the students attending the last stage of the course reported ignoring the indications of palliative care and felt unprepared to deal with the death of the patient and the grieving family.
KEYWORDS: Palliative Care. Terminally Ill. Education, Medical, Undergraduate.
Ecoética en América Latina y el Caribe
Ecoethics in Latin America and the Caribbean
Autores:
Miguel Andrés Capó
James Drane
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Resumo:
La Ecoética contempla tres aspectos fundamentales: Saber qué es la vida, Cuál es el tipo de calidad que deseamos y Cuál es el sentido de la vida que podemos compartir los seres humanos actuales sin detrimento del hábitat y de las futuras generaciones. El reconocimiento de la vulnerabilidad de la naturaleza, de la pérdida de un medio ambiente sano, ha dado una nueva dimensión a la ética. Hay esenciales problemas en América Latina y el Caribe, como un modelo de desarrollo económico insostenible; una enorme desigualdad en la distribución de la riqueza y un rápido crecimiento demográfico. El principio responsabilidad, es un ensayo de una ética para la civilización tecnológica, habla de un nuevo imperativo ético anteriormente impensable, de un deber de las actuales generaciones hacia las generaciones futuras. Los objetivos como fundamento de valores y principios éticos, se deben centrar, en: fomentar la calidad de vida, cultivar el potencial humano y propiciar la participación de los más desfavorecidos.
PALABRAS-CLAVE: Bioética. Ambiente. Calidad de Vida.
Ecoethics covers three main aspects: knowing what life is, knowing what kind of quality we want and knowing what sense in life can be shared by humans today without harming the habitat and future generations. The recognition of the nature’s vulnerability and losses in a healthy environment has brought a new dimension to ethics. There are serious problems in Latin America and the Caribbean such as a model of unsustainable economic development, a great inequality in wealth distribution and a rapid population growth. The principle of accountability is a test of ethics for the technological civilization and refers to a previously unthinkable new ethical imperative, a duty of present generations to future generations. The objectives, as the basis of ethical values and principles, should focus on: promoting quality of life, cultivating human potential and encouraging the participation of the disadvantaged.
KEYWORDS: Bioethics. Enviroment. Quality of Life.
A Ecoética abrange três aspectos fundamentais: saber o que é a vida, qual o tipo de qualidade que desejamos e qual o sentido da vida que pode ser desfrutado pelos seres humanos de hoje sem prejudicar o habitat e as futuras gerações. O reconhecimento da vulnerabilidade da natureza e da perda de um ambiente saudável trouxe uma nova dimensão à ética. Há sérios problemas na América Latina e no Caribe, como por exemplo, um modelo de desenvolvimento econômico insustentável, uma enorme desigualdade na distribuição da riqueza e um rápido crescimento demográfico. O princípio da responsabilidade é um teste de ética para a civilização tecnológica e se refere a um novo imperativo ético anteriormente impensável, um dever das gerações atuais com gerações futuras. Os objetivos, como base dos valores e princípios éticos, devem centrar-se em: promover a qualidade de vida, cultivar o potencial humano e estimular a participação dos menos favorecidos.
PALAVRAS-CHAVE: Bioética. Ambiente. Qualidade de Vida.
A Ecoética abrange três aspectos fundamentais: saber o que é a vida, qual o tipo de qualidade que desejamos e qual o sentido da vida que pode ser desfrutado pelos seres humanos de hoje sem prejudicar o habitat e as futuras gerações. O reconhecimento da vulnerabilidade da natureza e da perda de um ambiente saudável trouxe uma nova dimensão à ética. Há sérios problemas na América Latina e no Caribe, como por exemplo, um modelo de desenvolvimento econômico insustentável, uma enorme desigualdade na distribuição da riqueza e um rápido crescimento demográfico. O princípio da responsabilidade é um teste de ética para a civilização tecnológica e se refere a um novo imperativo ético anteriormente impensável, um dever das gerações atuais com gerações futuras. Os objetivos, como base dos valores e princípios éticos, devem centrar-se em: promover a qualidade de vida, cultivar o potencial humano e estimular a participação dos menos favorecidos.
PALAVRAS-CHAVE: Bioética. Ambiente. Qualidade de Vida.
Bioética Clínica e Direitos Humanos: a interface entre o direito humano à saúde e o consentimento informado
Clinical Bioethics and Human Rights: the interface between human right to health and informed consent
Autores:
Aline Albuquerque S. de Oliveira
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Resumo:
Este artigo tem como objetivo central demonstrar que introduzir o referencial teórico-normativo dos direitos humanos na análise de temáticas referentes à Bioética Clínica pode prover frutíferas contribuições para a proteção do sujeito vulnerável na relação clínica, o paciente, na medida em que os direitos humanos abarcam os ambientes culturais e socais em que os indivíduos se inserem, os quais deve m ser considerados na análise bioética de dilemas que emergem da prática clínica. Escolheu-se o consentimento informado como meio de ilustrar a aproximação entre Bioética Clínica e direitos humanos. Concluiu-se que o consentimento informado, à luz dos direitos humanos, impõe o reconhecimento de que as bases de sua efetivação sempre devem se dar de modo não discriminatório e contemplativo das vulnerabilidades do paciente, e da imperiosidade do profissional de saúde considerar a disponibilidade e acessibilidade a bens e serviços sanitários e evitar a exacerbação informativa.
PALAVRAS-CHAVE: Bioética. Direitos Humanos. Direito à Saúde. Consentimento Informado.
This paper aims to demonstrate that to introduce the theoretical and normative framework of human rights in the analysis of Clinical Bioethics is relevant to the protection of a vulnerable subject in the clinical relation, the patient. Human rights encompass the cultural and social environments in which individuals are constituted, which should be considered in the analysis of bioethical dilemmas that arise in clinical practice. Informed consent was chosen as a means of illustrating the approximation between Clinical Bioethics and Human Rights. It was concluded that informed consent, in light of human rights, implies the recognition that the basis of its effectiveness should always happen in a non-discriminatory manner and contemplating the patient’s vulnerabilities. Moreover, it is imperious for health professionals to consider the availability and accessibility of goods and services for health and to prevent informative exacerbation.
KEYWORDS: Bioethics. Human Rights. Right to Health. Informed Consent.
Uma abordagem ética do conflito de interesses na área de saúde
An ethical approach of confl ict of interest in the area of health
Autores:
Leonardo Essado Rios
Vardeli Alves de Moraes
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Resumo:
O artigo discorre sobre o conflito de interesses que atualmente perpassa o setor da saúde, em especial as atividades de pesquisa e a prática clínica, baseando-se em levantamento bibliográfico na literatura bioética, na normatização institucional, na mídia e em seminário de pesquisa. As informações levantadas denotam a preocupação de diversos setores e instituições com conflito de interesses, o que permite supor que ocorra de modo relativamente constante, frequentemente associado à indústria farmacêutica. Concluiu-se que no setor da saúde deve-se ter clareza quanto ao caminho ético frente a situações de conflito de interesses, a fim de não se incorrer em má conduta, por meio da manifestação do conflito com vistas a possibilitar adequado ajuizamento por parte de quem recebe um suposto benefício ou informação. Reitera-se que a motivação primeira para a investigação científica e a prática médica não é o mero lucro, mas a busca pela verdade e o bem-estar do ser humano.
PALAVRAS-CHAVE: Conflito de Interesses. Má Conduta Profissional. Ética Médica. Ética em Pesquisa. Saúde.
The article discusses conflict of interest that currently affect the health sector, mainly in the areas of research and clinical activity, being based on bibliographical survey, institutional standards, media exploration and research seminary. The information gathered denote the concern of several sectors and institutions with interest conflicts, what allows us to assume that it occurs in a relatively constant way, frequently related, directly or indirectly, to the pharmaceutical industry. It is concluded that in the health sector there must be transparence as to the ethical path facing situations of conflict of interest, in order to avoid falling into misconduct, by means of manifestations of conflict in order to enable appropriate conduct by the person who receives supposed benefits or information. It is reiterated that the first motivation for scientific inquiry and medicine is not mere profit, but rather the quest for truth and the welfare of the human being.
KEYWORDS: Conflict of Interest. Professional Misconduct. Ethics, Medical. Ethics, Research. Health.
Bioetiche a confronto: comparazione tra Bioetica Anglo-americana, Europea, Latino-americana, Africana e Asiatica (IV)
Bioethics in contrast: comparing Anglo-American, European, Latin American, African and AsiaticBioethics (IV)
Autores:
Antonio Puca
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Resumo:
A bioética, o direito e a construção europeia
Bioethics, law and the European construction
Autores:
Christian Byk
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Resumo:
Mapeamento do cérebro: uma questão ética?
Mapping the brain: an ethical issue?
Autores:
Andrea Vicini
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Resumo:
Em abril de 2013, o Presidente Obama lançou a chamada “BRAIN Initiative” (Brain Research through Advancing Innovative Neurotechnologies, isto é, pesquisa sobre o cérebro por meio do avanço de neurotecnologias inovadoras). O objetivo desse gigantesco projeto de pesquisa científica é o de descobrir como o cérebro funciona. Esse projeto depende do desenvolvimento tecnológico em cinco áreas: nanotecnologia, bioeletrônica, genética, biologia sintética e tecnologias avançadas de informática. O objetivo final da BRAIN é o desenvolvimento de diagnósticos e tratamentos de múltiplas doenças cerebrais. Esse artigo discute eticamente o plano científico da BRAIN e enfatiza a necessidade de aprofundar suas implicações éticas, legais e sociais. Particularmente, o envolvimento da agência federal de pesquisa (DARPA – Defense Advanced Research Projects Agency) destacou que a agência tem um duplo objetivo ao financiar a BRAIN: primeiro, desenvolver neurotecnologia para promover a saúde humana; segundo, para fins militares, a fim de proporcionar vantagem para os soldados no campo de batalha. Além disso, os pesquisadores devem evitar qualquer tipo de reducionismo por meio de uma simplória identificação entre cérebro (funcionamento do cérebro) e mente (as múltiplas funções mentais).
PALAVRAS-CHAVE: Neurociências. Pesquisa. Encefalopatias.
In April 2013, President Obama launched the “BRAIN Initiative” to promote “Brain Research through Advancing Innovative Neurotechnologies.” This “big science” research project aims at uncovering how the brain works. It relies on technological developments in five disciplines: nanotechnology, bioelectronics, genetics, synthetic biology, and computational advanced technologies. BRAIN’s ultimate goal is to develop diagnostics and treatments for multiple brain disorders. The essay discusses ethically the scientific layout of the Initiative and stresses the need to study further its ethical, legal, and social implications. In particular, the involvement of one federal research agency – the Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA) – highlights the agency’s dual-purpose in funding BRAIN: to develop neurotechnology, first, for promoting human health; second, for warfare purposes, to give fighters an advantage on the battlefi eld. Moreover, researchers should avoid any reductionism by naïvely identifying “brain” (i.e., brain functioning) and “mind” (i.e., the multiple mental functions).
KEYWORDS: Neurosciences. Research. Brain Disorders.
Bioética: un puente entre pensamiento y doctrina
Bioethics: a link between thought and doctrine
Autores:
Miguel Kottow
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Resumo:
La bioética contemporánea se ha vuelto academicista y disputante, sumergida en debates que carecen de aplicación práctica, difi cultando la orientación del quehacer médico en su diversas facetas: asistencial, científi ca, de salud pública, ecológica. La brecha entre posturas fundamentalmente seculares, plurales, religiosas o estrictamente racionales no permite llegar a compromisos y acuerdos, sobre todo frente a los grandes temas de los extremos de la vida, de la proporcionalidad de intervenciones médicas, y de las investigaciones que a nivel de la biología molecular, que erosionan los conceptos de salud y enfermedad, asó como la distinción entre esfuerzos terapéuticos y medicina desiderativa. Desde la bioética urge encontrar un tronco antropológico común que permita la convivencia de perspectivas diversas pero no discordantes. Este artículo propone entender como rasgos esenciales de todo ser humano su necesidad de relación con el otro y con el mundo, y su anhelo de elaborar un proyecto de vida que trascienda su existencia biológica. Ello requiere el reconocimiento moral del prójimo según elaborado por Honneth en base al pensamiento de Hegel, y el compromiso de protección y cuidado a los desaventajados y desempoderados. La bioética ha de reconocer y evaluar las situaciones y los procesos mórbidos en que la relacionalidad y la trascendencia se han perdido, y ponderar la razonabilidad de los esfuerzos médicos para resolver estas pérdidas y la futilidad estos esfuerzos cuando la vida biológica es vaciada de su sentido existencial.
PALABRAS-CLAVE: Bioética. Protección. Antropología.
Bioethics has become excessively steeped in academicism, failing to serve as an applied ethics capable of orienting medical practice in its diverse areas: clinical, scientifi c, public and ecological. There is a deep schism between secular, plural, religious convictions and strict rationality that hinders reaching consensus or agreements mainly when facing issues like the extremes of life, the proportionality of medical intervention, the research at molecular level, all of which have eroded the distinction between health and disease, as well as therapy and enhancement. Bioethics is called upon to assist fi nding a common anthropological ground that might help a fruitful coexistence of a variety of different but not discordant views. This paper seeks to understand as essential attributes of human beings their need to relate with others and with the world, and the quest for transcendence beyond the fi nitude of biological existence. This will require the moral recognition of every individual as presented by Honneth in his elaborations based on Hegel’s thought, and the commitment to protect and care for the disadvantaged and disempowered. Bioethics has to recognize and evaluate disease’s situations and processes in which relationality and signifi cance have been lost, and weigh the reasonableness of medical efforts to solve these losses, as well as the futility of these efforts when biological life is emptied of its existential meaning.
KEYWORDS: Bioethics. Protection. Anthropology.
A bioética contemporânea tornou-se acadêmica e opinante, imersa em debates sem aplicação prática, pouco orientando na função médica em suas várias facetas: assistencial, científi ca, da saúde pública e ecológica. A diferença entre as posições fundamentalmente seculares, pluralistas, religiosas ou estritamente racionais não permitem que se chegue a compromissos e acordos, especialmente com relação aos grandes problemas enfrentados no fi m da vida, à proporcionalidade das intervenções médicas, e ao nível de investigação biologia molecular, que corroem os conceitos de saúde e doença, assim como a distinção entre os esforços terapêuticos e a medicina do desejo. Partindo da bioética, é fundamental encontrar uma base antropológica comum que permita a coexistência de perspectivas diferentes, mas não discordantes. Este artigo busca entender como características essenciais de todos os seres humanos sua necessidade de se relacionar com os outros e com o mundo, e seu desejo de desenvolver um projeto de vida que transcende a sua existência biológica. Isso requer o reconhecimento dos outros segundo a moral de Honneth baseada no pensamento de Hegel, e o compromisso de proteger e cuidar de pessoas desfavorecidas e sem poder. A bioética precisa reconhecer e avaliar situções e processos de doença nos quais a relação e a transcendência foram perdidas, e pesar a razoabilidade dos esforços médicos para resolver essas perdas e a futilidade destes quando a vida biológica é esvaziada do seu signifi cado existencial.
PALAVRAS-CHAVE: Bioética. Proteção. Antropologia.
O cuidado de si para o cuidado do outro
Self care enabling taking care of others
Autores:
Karla Patrícia Cardoso Amorim
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Resumo:
Um dos grandes desafios existenciais consiste em cuidar de si mesmo. Essa assertiva se torna cada vez mais verdadeira, em se tratando do mundo atual, onde temos a obrigatoriedade de sermos os melhores e autossuficientes. Esse processo fomenta, no mínimo, uma fragilidade, ou mesmo, uma ruptura do conviver, onde teremos, como resultado, relações superficiais e vínculos efêmeros. Esse homem esquece, ou deixa em segundo plano, de ser e de conviver (o viver com) na busca incessante do ter. Ele preocupa-se com a aparência externa, deixando de lado o cuidado com a sua essência e, assim, sofre e adoece. Acreditamos, então, que, para se resgatar o verdadeiro sentido do cuidado, faz-se necessário e urgente que o homem tenha, principalmente, a consciência do que ele é, das suas capacidades e fragilidades, e o que ele efetivamente quer. Ou seja, o homem precisa fazer o exercício da autoética (autoconsciência e autocrítica) balizada pela sensibilidade, criatividade, humildade, resiliência, responsabilidade e consciência da finitude humana, dando significado ao viver. O homem precisa cuidar-se para poder cuidar.
PALAVRAS-CHAVE: Humanização da Assistência. Cuidado. Ética. Educação em Saúde. Atenção à Saúde.
One of the greatest existential challenges is the self care. This assertion becomes even more genuine in the case of the world nowadays, where it is mandatory to be the best person possible and to be self-sufficient. This process instigates fragility, or even a coexisting breakdown, resulting in superficial relationships and ephemeral bonds. The modern man forgets, or puts in the background, “being” or “coexisting” (living with), in an unceasing seek for the “having”. He worries about the appearance, and not about his essence, suffering and sickening. Therefore, it is believed that to be able to rescue the real meaning of care it is necessary and urgent for the man to be, primarily, conscious of what he is, of his skills and fragilities, and of what he effectively wants. In other words, the man needs to improve self-ethics (self-consciousness and self-criticism), guided by sensitivity, creativity, humbleness, resilience, responsibility and conscience of human finiteness, and to give a meaning to life. Men need to take care of themselves for taking care of others.
KEYWORDS: Humanization of Assistance. Care. Ethics. Health Education. Health Care.
Publicação em Bioética na América Latina: impasses e desafios
Publishing in Bioethics in Latin America: challenges and dilemmas
Autores:
Dora Porto
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Resumo:
Ao tomar como “estudo de caso” aspectos da experiência editorial na Revista Bioética, este artigo discute impasses e desafios às publicações em bioética decorrentes da incorporação de novos parâmetros ordenadores ao processo editorial, considerando especialmente as fraudes relacionadas à autoria, facilitadas pela tecnologia da informação. São apresentadas questões relativas à avaliação por pares; endogenia; a diversos desvios na caracterização da autoria bem como ao plágio e autoplágio. O objetivo da discussão é trazer à luz considerações a respeito da ética na produção acadêmica e científica buscando estimular a reflexão e o debate acerca desses pontos. Considera-se à conclusão, a necessidade de aprofundar a discussão da problemática estendendo-a aos níveis iniciais da formação educacional, bem como a importância de consolidar o mais alto padrão ético para as publicações nacionais em bioética.
PALAVRAS-CHAVE: Plágio. Má Conduta Científica. Literatura. Educação. Punição. Bioética.
Taking as “case study” aspects of the publishing experience of Revista Bioética, this paper discusses the challenges and dilemmas in bioethics publications resulting from the incorporation of new parameters at the editorial process, especially considering problems related to authorship, which are more frequent because of information technology. Peer review questions; “salami science”, diverse changes in the authorship’s characterization; plagiarism and self-plagiarism are discussed. The purpose of this discussion is to bring the ethical considerations regarding the academic and scientifi c production to light, seeking to stimulate thought and discussion on these issues. Finally, it is concluded that there is a need for further discussion of the problem, extending it to the initial levels of educational formation, as well as for highlighting the importance of consolidating the highest ethical standard for national publications in bioethics.
KEYWORDS: Plagiarism. Scientifi c Misconduct. Literature. Education. Punishment. Bioethics.
Bioética – e agora, o que fazer?
Bioethics – what are we to do now?
Autores:
William Saad Hossne
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Resumo:
Dr. William Saad Hossne
Autores:
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Resumo:
William Saad Hossne nasceu aos 4 de janeiro de 1927, na cidade de Botucatu (SP). Médico-cirurgião formado pela Faculdade de Medicina da USP em 1951, foi professor titular de Cirurgia da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP). Participou da criação da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), sendo seu segundo diretor científico, entre os anos 1964-1967; depois, entre 1975-1979. Foi Reitor da Universidade de São Carlos de 1979-1983. Prof. Saad Hossne foi o criador, em 1995, a partir de um grupo de trabalho para elaborar diretrizes éticas para pesquisas com humanos no Brasil da CONEP (Comissão Nacional de Ética da Pesquisa em Humanos), junto ao Ministério da Saúde / Conselho Nacional de Saúde (Brasília-DF) tendo sido seu coordenador durante mais de uma década (1996-2007). A partir dessa instância, criou-se uma network de mais de 500 Comitês de Ética em Pesquisa em Humanos, que exercem o chamado controle social das pesquisas com humanos no Brasil. Foi um dos pioneiros da criação da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), tendo sido seu primeiro Presidente entre 1995-1997. Foi o criador e atual coordenador do programa de pós-graduação em bioética stricto sensu (mestrado, doutorado e pós-doutorado) no Centro Universitário São Camilo (São Paulo-SP). Está em pleno vigor, aos 86 anos. Uma personalidade científica profundamente respeitada pela comunidade científica, tendo recebido inúmeras honrarias, desde doutorados honoris causa, até o recente “troféu guerreiro da Educação Ruy Mesquita”, em 15 de outubro de 2013, iniciativa do Jornal O Estado de São Paulo e do CIEE (Centro de Integração Escola e Empresa).
Notícias do Programa de Mestrado e Doutorado em Bioética
News about the Master and Doctorate Program – Bioethics
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