A pandemia da Covid-19 evidenciou grandes desafios que temos que enfrentar enquanto indivíduos e sociedade em nosso contexto histórico. Mas também nos convida a refletir sobre os recursos que temos disponíveis.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) em um documento chamado The WHO Special Iniciative for Mental Health (2019-2023) destaca que a promoção e a prevenção em saúde mental são temas em evidência há alguns anos.
O documento da OMS chamado The WHO Special Iniciative for Mental Health (2019-2023) alerta para a necessidade de investimentos em diversas frentes para garantir o acesso de toda a população mundial aos recursos de educação e tratamento em saúde mental.
Saúde mental é um conceito complexo, difícil de ser explicado em poucas palavras, por ser estudado por diversas áreas do saber e alimentado por diversas concepções epistemológicas.
Compreendemos que as condições de vida materiais, sociais e culturais são fundamentais para que as pessoas tenham uma construção adequada de sua auto imagem, para que se sintam motivados e aptos ao desenvolvimento de suas potencialidades ao longo das diversas etapas da vida, que se sintam vinculado à sua comunidade e para contribuir com a vida em sociedade por meio de suas relações, de seu trabalho, de sua criatividade.
Perspectivas em psicologia explicam que cada indivíduo tem o anseio de conhecer a si próprio, em sua singularidade, e ao longo da vida, visa equilibrar as demandas de sua própria natureza e as demandas da vida em sociedade. A saúde mental em essência é o desafiante equilíbrio dinâmico entre as instâncias pessoal e social.
O modo de vida globalizado e repleto de mudanças tecnológicas aceleradas, permeadas pelo uso irrefletido da internet e das redes sociais, têm impactado o modo de vida das pessoas, interferindo na qualidade do sono, na alimentação, na realização de atividades de lazer, de estudos e de esportes.
A pressão pela produtividade, o mercado de trabalho competitivo e instável, a exposição a poluentes atmosféricos, agrotóxicos e alimentos ultraprocessados são exemplos de fatores extremamente prejudiciais à saúde. Crenças compartilhadas acerca do que são pessoas bem sucedidas, bonitas e admiráveis impactam no modo como nos enxergarmos, nos relacionamos e nos comunicarmos e nem sempre são valores que atendem aos nossos referenciais pessoais e significativos, podendo causar exageros e desequilíbrios.
No entanto, o lado positivo é o uso dos canais de informação para oferecer repertório crítico, espaço para ampliar a visibilidade de temas importantes para os mais diversos grupos que compõem a sociedade, para que se sintam representados e possam dialogar sobre suas dificuldades e esperanças. Além disso, há profissionais que se preocupam em popularizar o conhecimento científico, participando de campanhas em prol da saúde mental, como o setembro amarelo e o dia mundial da saúde mental, e campanhas sobre temas médicos como campanhas para aleitamento materno e vacinação e campanhas para prevenção ao câncer, ao diabetes, à hipertensão.
As crises são oportunidades de revermos as escolhas e possibilidades de vida, as vezes encontrando em antigos hábitos, sonhos e desejos inspiração para ressignificarmos experiências desafiantes. Como nos dedicar um pouco mais à família, aos hobbies e aos saberes manuais, aos animais de estimação e às plantas. Houve pessoas que puderam se mudar dos grandes centros urbanos para as cidades menores e com o estilo de vida mais próximo à natureza, considerando que o trabalho remoto foi testado e se provou viável.
Fonte:
Profa. Me. Lydiane Streapco e Stela Reginato - Serviço de Apoio Psicológico e Psicopedagógico do Centro Universitário São Camilo
OMS - The WHO Special Iniciative for Mental Health (2019-2023)