Profissionalizar o modelo de administração hospitalar é essencial para quem quer alcançar resultados financeiros e melhorar o cuidado com o paciente
Os hospitais brasileiros utilizam diferentes formas de administração, a depender do porte e das características de cada um. No entanto, há uma percepção clara entre todos: é preciso ter um modelo baseado em gestão estratégica, inovação, gestão participativa e de qualidade. Não há mais espaço para hierarquias rígidas e excesso de divisão departamental.
As ferramentas de governança corporativa são importantes nesse processo, de acordo com o professor Aimar Martins Lopes, coordenador dos cursos de pós-graduação em administração hospitalar e gestão da qualidade em organizações de Saúde do Centro Universitário São Camilo. “Governança corporativa, de uma forma simples, significa gestão. Portanto, é a forma como se gerencia uma organização, como é o planejamento, direção, controle, relação entre sócios, conselhos, clientes, fiscalização, entre outros. Uma gestão madura deve seguir os princípios da governança corporativa”, destaca.
A profissionalização da gestão é crucial, principalmente, para hospitais familiares ou filantrópicos que ainda não estão de acordo com os preceitos administrativos de uma boa governança em Saúde. Conforme o especialista, a evolução da maturidade de gestão hospitalar a partir da governança corporativa parte de quatro princípios básicos:
Conselhos de administração e fiscal
Lopes destaca que um dos primeiros passos para a profissionalização da gestão é a formação dos conselhos de administração e fiscal. “O conselho de administração precisa concentrar os direcionamentos organizacionais para manter a unidade estratégica dos negócios e os principais interesses. Dessa forma, protege o patrimônio e maximiza o retorno dos investimentos. O conselho também deve instituir formas de controle interno e código de conduta”, explica.
Já o conselho fiscal tem a função de fiscalizar os processos fiscais e financeiros, avaliar riscos e contribuir com sugestões para melhorar e aprimorar a gestão. Deve ser independente da diretoria e do conselho de administração. Tem como objetivos a transparência, equidade e prestação de contas. “Estrategicamente, é um órgão legal que serve para implementar políticas de boas práticas financeiras, contábeis e de governança corporativa”, comenta o docente.
Lopes afirma que, no caso de hospitais familiares e filantrópicos que profissionalizam a gestão, família e provedores podem integrar os conselhos, porém, sem ter maior peso de decisão que os demais. Isso, aliás, é imprescindível, já que os conselheiros precisam decidir com base na missão e visão da organização, estratégia, necessidades dos stakeholders e dentro da lei, e não baseados em interesses próprios ou de terceiros. “O conselho de administração está acima da superintendência sempre e o conselho fiscal deve estar na linha de staff”, ensina Lopes.
O especialista cita ainda outras ferramentas de governança corporativa que garantem a evolução da maturidade de gestão, tais como auditorias independentes, código de conduta, sócios (estatuto, acordo e transparência), órgão de fiscalização e controle, entre outras. A implementação destas ferramentas garante a evolução do nível de governança e consequente aumento da maturidade de gestão hospitalar.
Fonte: Editorial GesSaúde