A conta chegou: 14 dias após fim do ano, casos de Covid explodem e especialistas alertam que "vai ficar pior"

Por: João Conrado Kneipp

Data: 15/01/2021

Exatamente 14 dias após o ápice das aglomerações promovidas pelas festas de final de ano, o Brasil atravessa seu pior momento desde o início da pandemia da Covid-19.

Só nesta semana, o país bateu duas vezes o recorde da média móvel de casos — indicador que acompanha a variação do número de casos da doença através da média dos últimos 7 dias. Na terça-feira (12), a média móvel ultrapassou pela primeira vez a faixa dos 54 mil casos diários. Já nesta quinta (14), a média móvel de casos de Covid-19 bateu um novo recorde, chegando a 56 mil novas infecções em média por dia.

Em óbitos, a média móvel é de 1.000 mortes diárias, uma variação de 14% na comparação com as últimas 2 semanas. A taxa de transmissão, que mede a velocidade com que a doença se espalha, subiu para 1,21, informou o levantamento do Imperial College de Londres, divulgado na terça-feira (12). Isso significa que cada 100 pessoas contaminadas pela Covid-19 no país podem transmitir a doença para outras 121. No levantamento anterior, de 5 de janeiro, o índice estava em 1,04. Em novembro, a taxa de transmissão chegou a 1,30, a maior desde o fim de maio.

Nos estados e, principalmente, nas capitais, a situação é caótica

Oito das 27 unidades da federação têm mais de 80% das UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) ocupadas. Todas as regiões brasileiras possuem ao menos um estado em situação crítica de vagas. São Paulo registrou um aumento de 19% nas internações nas últimas duas semanas. Por conta disso, decidiu antecipar em 21 dias a reclassificação das regiões e deverá endurecer as regras da quarentena em algumas delas. Na cidade do Rio de Janeiro, a ocupação de UTIs públicas tem variado em torno de 90% nos últimos dias. Em Belo Horizonte, com as taxas de ocupação da UTI oscilando em torno de 85%, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) decretou novamente fechamento do comércio, sob fortes protestos. 

A região Sul do país também possui dois estados com altas taxas de ocupação de UTIs para Covid-19: Paraná, com 81%, e Santa Catarina, com 80%.

Contudo, é o Norte do país que tem a pior situação: Amazonas tem 93% das UTIs ocupadas, Rondônia, 85%, e o Amapá, 81%. O Brasil presenciou nesta quinta (15) o “cenário de terror” em Manaus.

Com o sistema de saúde em colapso, dezenas de pacientes morreram asfixiados por desabastecimento de oxigênio, enquanto profissionais de saúde esgotados realizavam à exaustão as manobras de ventilação usando as próprias mãos.

Especialistas falam em piora da situação da pandemia

Mesmo diante de um panorama catastrófico, especialistas alertam que a situação da pandemia no país ainda pode ficar pior.

“Pode não, com certeza vai piorar”, assegura o médico sanitarista Sergio ZanettaA firmeza com que dá a sentença é justificada por ele com base no tempo de desenvolvimento da doença, do contágio até seu estágio mais grave.

“Do contato aos primeiros sintomas, podemos ter um período de até 14 dias. A partir daí, são duas semanas de agravamento e, se piorar, possivelmente mais 3 semanas em UTI. Se somar, eu tenho quase 50 dias do contato até a UTI. Portanto, os óbitos que eu conto nos dias atuais são de casos de 40, 50 dias atrás”.

A estimativa de Zanetta, que também é professor de Epidemiologia e Saúde Pública na Universidade São Camilo, é que os reflexos das aglomerações registradas durante a semana do Natal e Ano Novo de 2020 sejam sentidos somente a partir de fevereiro.

“E essa conta continuará chegando enquanto as pessoas continuarem desrespeitando as regras básicas de prevenção contra a infecção, mantendo aglomerações e deixando de usar máscara sempre e de forma correta”, completa Leonardo Weissmann, médico infectologista e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). Weissmann acredita que, diferentemente do início da pandemia no Brasil quando havia um receio pelo desconhecido da doença, as pessoas agora estão saturadas, mas a Covid-19 continua em circulação.

“Estão cansados, muitas pessoas deixaram de se cuidar. E o vírus continua se propagando em alta velocidade. O risco de colapso do sistema de saúde em vários locais é altíssimo”, completa o epidemiologista. A solução, segundo Zanetta, é tentar interromper ao máximo a transmissão enquanto ainda não há vacinação no país.

“Não conhecemos nenhuma forma de interromper a transmissão que não seja recrudescendo as medidas de controle. Houve uma complacência das autoridades nisso. E agora é preciso aumentar a fiscalização no comércio e nas ruas pelo distanciamento, do uso de máscara e conscientização da higienização”, argumenta.

“O risco de colapso do sistema de saúde em vários locais é altíssimo. Temos vacinas chegando; porém, se as pessoas continuarem esquecendo da prevenção, infelizmente muito mais gente irá perder a vida antes de tomá-la”, completa Weissmann.

 Fonte: Yahoo! Notícias 

Link da matéria: 

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