Falta de medicamentos e insumos necessários para a realização de procedimentos ou, ainda, o excesso que fica estocado até passar sua validade, são essas as causas mais visíveis de que a gestão da rede de suprimentos do hospital não está funcionando como deveria.

Para resolver esses problemas em um ambiente hospitalar -  que funciona 24 horas, sete dias por semana -  são necessárias gestão estratégica e ferramentas de logística muito comuns na indústria e no varejo, mas que ainda não têm espaço adequado na área de serviços, especialmente de Saúde. Quem afirma é Eder Ferragi, professor especialista em gestão e logística, cadeia de suprimentos e operações do curso de administração de empresas e hospitalar do Centro Universitário São Camilo.

Ferragi explica que uma das possibilidades que gera mais benefícios para o setor hospitalar é o Estoque Gerenciado pelo Fornecedor (Vendor Managed Inventory - VMI). O modelo consiste no planejamento colaborativo de demanda e abastecimento, de quem vende para quem compra. “O item só é faturado e reposto quando for, de fato, utilizado pelo consumidor final, no caso, o paciente. Esse tipo de gestão evita desperdícios e reduz a necessidade de manutenção do estoque”, detalha o especialista.

Outro conceito da indústria que pode ser utilizado para gerir o estoque na área da Saúde é o chamado Just-in-time. Trata-se de um sistema de administração da produção que determina que tudo deve ser manufaturado, transportado ou comprado na hora exata. “Seu principal objetivo é reduzir estoques e os custos decorrentes.”


Integração e automatização

Na opinião do especialista, a  tecnologia da informação  é fundamental para garantir a boa gestão da rede de suprimentos. Ferramentas como o sistemas de gestão Enterprise Resource Planning -(ERP), que integra todos os dados e processos, já estão consolidadas em hospitais de ponta. “O que falta para garantir uma gestão da rede de suprimentos ideal é integrar esse sistema dos hospitais com os fornecedores, definindo parâmetros, estoques de segurança, entre outros detalhes que definem o bom funcionamento da área de insumos.”

Segundo Ferragi, é essencial que todos os setores do hospital estejam interligados para que o modelo funcione, desde o backoffice até as áreas de atendimento direto ao usuário. “Muitas vezes essa integração já existe, mas é necessário ampliá-la aos fornecedores para garantir a otimização dos processos.”

Para se obter esse resultado, a organização não pode se ater somente às técnicas de logística. É preciso ter visão estratégica e comercial para convencer os players da cadeia de distribuição – indústria farmacêutica, fornecedores, operadores logísticos, centrais de compras, entre outros - de que as ferramentas de TI favorecem todos os setores.

A tendência também é que outras ferramentas difundidas na indústria e varejo tendem a migrar também para a área de serviços, com destaque para Planejamento das Necessidades de Materiais (Material Requeriment Planning - MRP). “O conceito já é bastante utilizado industrialmente e consiste em detalhar quais são os componentes e materiais necessários para a produção de um determinado item.”

Na Saúde, o MRP pode ser utilizado para calcular, automaticamente os suprimentos que serão utilizados em cirurgias e procedimentos médicos. “É o conceito de cadeia de produção aplicado à Saúde, trazendo benefícios tanto para o hospital, que vê seus custos reduzidos, quanto para os pacientes, que sentem a melhoria no atendimento.”

Benefícios da modernização

O professor do Centro Universitário São Camilo destaca que a mudança para um sistema de gestão da rede de suprimentos inteligente tem como benefício mais evidente a redução de perdas de estoque e dos consequentes custos ligados. Porém, há outras vantagens, principalmente quando aliado às ferramentas de TI. Ferragi cita algumas delas:

- Facilidade nas operações: toda a gestão de suprimentos é facilitada com a adoção da tecnologia, já que os dados ficam armazenados e são disponibilizados a todos os envolvidos na cadeia de compra e consumo de insumos hospitalares, do backoffice ao paciente.

Redução de funcionários: com o sistema colaborativo, no qual o fornecedor é responsável por reabastecer o estoque, há necessidade do trabalho de menos profissionais diretamente envolvidos com a logística dentro do hospital. O que ocorre é que todos os funcionários acabam sendo responsáveis pelo registro do uso dos itens, que é verificado no sistema e reposto pelo fornecedor conforme a demanda.

Ganho de qualidade: o nível do serviço prestado pela organização de Saúde sobe, garantindo aos beneficiários a segurança do acesso aos medicamentos e materiais que necessitam de forma ágil, sem desabastecimento de estoque.

Portanto, a boa gestão da rede de suprimentos traz vantagens não apenas para a organização de Saúde, mas também para os beneficiários, que ganham em segurança e qualidade no atendimento.

Portal: MV

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