10 motivos pelos quais os casais mais brigam depois de ter filhos


A chegada de uma criança vira do avesso a rotina do casal. Conversamos com nossos leitores e descobrimos os dez principais motivos de discussão entre quem tem crianças pequenas. Veja como resolver os conflitos e garantir que nenhum aspecto da sua vida fique para trás

O primeiro ano de vida de um filho é a prova de fogo para a maioria dos casais. Por mais que os pais tenham estudado sobre o assunto e até feito cursos para se preparar para a chegada do bebê, nenhum casal está 100% pronto para os conflitos que poderão surgir no relacionamento. A rotina muda e surgem novas responsabilidades, tarefas e um estilo de vida que deixa de ser a dois e passa a ser em grupo. É normal que o casamento sofra um baque – tanto que esse impacto tem até nome: baby clash, ou choque do bebê, em tradução livre.

Um estudo com 5 mil homens e mulheres, conduzido pela Open University, no Reino Unido, mostrou que casais sem filhos se consideram mais felizes no relacionamento. A principal justificativa foi o tempo a mais que têm para dedicar ao parceiro, com diálogo e uso de frases como “eu te amo”. Em contrapartida, a pesquisa mostrou que mulheres com filhos se sentem mais completas nos outros âmbitos da vida. Para conseguir o melhor dos dois mundos só existe uma maneira: buscar um meio termo e aceitar que conflitos são inevitáveis.

De acordo com o psicólogo Luciano Passianotto, especialista em sexualidade humana pela Unicamp, um dos fatores que potencializam o atrito entre o casal, principalmente no começo da vida do filho, é uma visão romântica sobre o pós-parto: “A realidade é que uma criança traz muitas demandas, nem todas agradáveis: noites em claro, insegurança ou ansiedade no cuidado... Um filho é o maior projeto que muitos casais assumem e, como a vontade de que aquilo dê certo é grande, as decisões são tomadas sob forte pressão. Assim como em toda situação estressante, a chance de haver embates aumenta”.

Respire fundo
Na hora de avaliar como anda o relacionamento, o que faz diferença não é a frequência de desentendimentos, mas a capacidade de o casal se comunicar, lidar com as questões necessárias e trabalhar em equipe para resolvê-las. Se não há mais abertura para um diálogo construtivo em que os dois têm um objetivo em comum, é hora de procurar um profissional para tentar reabrir esse espaço de troca. Quando as discussões mantém o respeito, elas podem ocorrer até na frente das crianças. “Se não houver violência verbal, o filho percebe que há uma vontade de acordo e começa a assimilar o diálogo como a melhor forma de lidar com problemas. Ele compreende que mesmo pessoas que se amam se desentendem, mas que é possível resolver com tranquilidade”, explica a psicoterapeuta familiar Teresa Bonumá (SP).

Mesmo com a chegada de outros filhos, a situação tende a ficar mais calma depois dos primeiros anos de vida do primogênito. Afinal, pai e mãe já sabem o básico para cuidar de um bebê, não precisam começar tudo do zero e provavelmente se encontraram nos papéis que funcionam melhor para a família. Conforme os anos passam e as crianças vão ganhando mais independência, os conflitos tendem a diminuir e o tempo livre para fazer atividades a dois é retomado. Vem então a satisfação de ter vencido juntos um dos maiores desafios na vida de qualquer ser humano e a certeza de ter deixado para o mundo um grande presente.

1. Distribuição desigual de tarefas
Quando apenas um dos parceiros fica encarregado (e sobrecarregado) com os cuidados com o bebê, tudo tende a ser mais complicado. É o caso de Thalita Arnaud, 31 anos, mãe de Leonardo, 2, que afirma entrar em conflito pela falta de participação do marido em tarefas cotidianas, como banho e alimentação. “O que mais me incomoda é a frase: ‘Mas você é a mãe’. Sim, sou a mãe e ele é o pai! A obrigação de cuidado não é apenas minha. Estamos conversando e aos poucos ele tem entendido”, afirma.


Por causa da amamentação, é natural que o bebê passe mais tempo com a mãe nas primeiras semanas, mas depois a família deve decidir o que funciona melhor. Se os dois trabalham, cabe uma divisão igualitária de tarefas. Já quando um passa a maior parte do dia fora e o outro fica em casa é importante entrar em um acordo para que ninguém fique exausto, lembrando sempre que cada um deve ter tempo para um momento exclusivo com o filho na rotina.

2. Limites e regras
“Como sou mais coração mole e meu marido mais rígido, não concordamos sobre os momentos em que uma correção é necessária. Isso acaba em briga”, conta Leidyany Mendes, 24, mãe de Leonardo, 4. A situação é comum e geralmente ocorre quando o casal foi criado sob diferentes formas de disciplinar. Nesses casos, o ideal é conversar longe da criança para que um não tire a autoridade do outro. “O diálogo em particular tem dado certo. Nós sabemos que os dois querem o melhor para o Leo”, diz.

Para o casal Yuri, 32, e Keila Reis, 36, os conflitos são mais frequentes na hora de decidir as regras da alimentação de Júlia, 5. “Não quero que ela coma doces, nem mesmo em festas de aniversário. Uma alimentação saudável é essencial e trará diversos benefícios no futuro. Já minha esposa a deixa beliscar chocolates como recompensa por ter comido bem nas principais refeições”, conta Yuri. O consenso a que chegaram foi evitar exageros, além de se empenharem em explicar para a Júlia as propriedades nutricionais de cada alimento para que ela possa, no futuro, tomar sozinha a decisão do que deve ou não comer.

3. Amor e sexo
É inegável que a chegada do filho altera a vida sexual do casal. O tempo fica muito escasso e o cansaço toma conta dos dois. Mesmo assim vale fazer um esforço e encontrar uma brecha para namorar. De acordo com a psicóloga Gláucia Guerra, coordenadora do Curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo (SP), para retomar o sexo é importante que pelo menos uma vez por mês o casal realize uma atividade prazerosa para ambos, como um jantar. “Isso é crucial para manter o relacionamento saudável e a consciência de que os dois não são apenas o pai e a mãe. Há um amor romântico também”, afirma. A partir daí, a cumplicidade aumenta e a intimidade dentro do quarto se torna uma consequência.

4. Um dos pais se sente em desvantagem
Se apenas um dos parceiros consegue sair com os amigos ou ir ao cinema há algo errado! Esses momentos, além de relaxantes, são importantes para a manutenção da individualidade, mas é preciso que os dois tenham a oportunidade de experimentá-los. De acordo com a sexóloga Carol Ambrogini (SP), colunista da CRESCER, o casal pode combinar antecipadamente que cada um terá pelo menos uma hora da semana para fazer algo para si, enquanto o outro assume o cuidado com o filho nesse intervalo: “É horrível pensar que a vida que você tinha antes termina com a chegada do bebê. É possível encontrar equilíbrio”.

Por Juliana Malacarne
Revista Crescer

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